Defesa pediu o adiamento porque o sorteio dos jurados foi feito com apenas oito dias úteis de antecedência e não 10, como diz a lei

O Tribunal de Justiça do Paraná suspendeu o júri de Ricardo Seidi e de sua mãe, Terezinha de Jesus, pai e avó de Eduarda Shigematsu, suspeitos da morte da menina de 11 anos em abril de 2019, em Rolândia. O julgamento foi marcado, pela quinta vez, e aconteceria no dia 6 de outubro, em Maringá, mas foi suspenso pelo TJ-PR após a defesa reclamar das falhas no sorteio dos jurados.
De acordo com os advogados de defesa, a lei estabelece que o sorteio dos jurados e juradas deve ocorrer com, pelo menos, 10 dias úteis de antecedência. Como o sorteio aconteceu na madrugada do dia 24 de setembro, havia apenas oito dias úteis para o julgamento e esse prazo mais curto impediria uma pesquisa mais detalhada sobre os jurados escolhidos, o que garantiria mais imparcialidade do júri.
O caso
Em abril de 2019, Eduarda desapareceu e, dias depois, foi encontrada morta e enterrada na garagem de uma casa que pertencia a seu pai, Ricardo Seidi, em Rolândia. Ele foi preso logo após a descoberta do corpo e é o principal suspeito de matar e ocultar o cadáver da própria filha. Ele nega o assassinato e diz que ‘apenas’ ocultou o corpo e que Eduarda teria se matado. Atualmente, o acusado aguarda julgamento na Penitenciaria Estadual de Londrina (PE1).
Ricardo está preso desde 28 de abril de 2019 e é acusado de homicídio triplamente qualificado, feminicídio, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Já sua mãe, Terezinha de Jesus, é acusada pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Como Ricardo, ela nega as acusações. Terezinha ficou presa por alguns dias, mas depois foi libertada. Em abril, o assassinato de Eduarda completou seis anos.
Com este novo adiamento, o julgamento já tem seis mudanças de data e duas transferências de comarca: primeiro para Londrina e depois para Maringá.
Mãe se manifesta
A mãe de Eduarda, Jéssica Pires, se manifestou em suas redes sociais: “A nossa família está devastada. Mais uma vez, o julgamento foi adiado. Já se passaram mais de seis anos desde que a nossa menina nos foi arrancada de forma cruel e covarde, e seguimos sem resposta, sem Justiça, apenas com a dor que nunca terá fim.
Cada adiamento é um golpe profundo, é como se a vida da Eduarda fosse diminuída, como se a memória dela pudesse ser esquecida. Mas não será. Eduarda tinha apenas 11 anos, carregava sonhos, esperança e um futuro que lhe foi roubado de maneira brutal.
Estamos indignados, revoltados e exaustos. É desumano submeter uma família a tamanha espera, a tantas frustrações e a esse silêncio que nos corrói. O que queremos é o mínimo. Justiça!
Justiça pela Eduarda, pela criança que ela foi, pelos sonhos que ela não pôde viver. Nossa dor é coletiva, é de toda a família, dos amigos e a cada dia sem Justiça, ela se torna ainda mais insuportável. Não aceitaremos que a vida da nossa Duda seja tratada com descaso. Pela sexta vez que matam minha filha”.