Entenda o momento do Museu Japonês de Rolândia

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Fabio Iwakura, coordenador do Museu Histórico da Imigração Japonesa, o Museu Japonês, explica o funcionamento, a conservação e a importância do local para a comunidade nipo-brasileira

Uma das imagens mais conhecidas do Museu Histórico da Imigração Japonesa de Rolândia

Museu Histórico da Imigração Japonesa de Rolândia, conhecido como Museu Japonês, tem sido tema de questionamentos por parte da comunidade, especialmente quanto à sua conservação e funcionamento. Para esclarecer as dúvidas e reforçar o papel cultural do espaço, Fabio Iwakura, coordenador do museu, explicou a situação em detalhes ao JR.


Muitos moradores de Rolândia acreditam que o museu é responsabilidade da Prefeitura ou do Clube Japonês da cidade, mas, segundo Iwakura, isso não procede. “O Museu pertence à Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, uma entidade sediada em Londrina que congrega associações nipo-brasileiras de todo o estado”, afirmou.


Um dos pontos que mais gera críticas é o estado da área externa ao museu. “Quem entra no Museu verá que ele está bem conservado, organizado e preservado. Mas as pessoas que passam pela frente enxergam a área em torno do museu, que muitas vezes tem mato alto, e acham que está tudo abandonado”, destacou Iwakura.


Esse contraste tem uma explicação: até cerca de três anos atrás, a área ao redor do museu pertencia à Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. Contudo, a organização vendeu o terreno para uma incorporadora local, que hoje é responsável por sua manutenção. O prédio do museu, que é o foco da Aliança, permanece preservado.


Iwakura enfatiza a importância de informar a população para evitar visões equivocadas. “As críticas que tenho ouvido refletem um desconhecimento sobre quem é responsável pelo museu e pela área ao redor. É importante esclarecer para que todos saibam o que realmente está acontecendo e possam compreender o trabalho que é feito para preservar esse patrimônio”, ressaltou.

O coordenador do Museu Fabio Iwakura; cerimônia no museu em 2018, no Imin 110

A importância do museu
O Museu Histórico da Imigração Japonesa desempenha um papel essencial na preservação da história e cultura da comunidade nipo-brasileira de Rolândia e região. Além de guardar relíquias que retratam a chegada e os desafios enfrentados pelos primeiros imigrantes japoneses, o espaço é reconhecido por sua relevância histórica. “A cada 10 anos, durante as comemorações da Imigração Japonesa ao Brasil, Rolândia recebe a visita de um integrante da família imperial japonesa. Inclusive, o atual imperador Naruhito já esteve aqui e também tivemos um presidente da República, José Sarney”, pontuou Iwakura.


O que tem sido feito no museu?
Atualmente um dos projetos em andamento no museu é a catalogação do acervo. Com o apoio da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Prefeitura de Rolândia, alunos do curso de História têm registrado, fotografado e documentado as peças do museu. O trabalho é realizado em conjunto com o Laboratório de Pesquisa sobre Culturas Orientais (LAPECO), sediado na UEL e teve início em 2021, quando a Secretaria de Cultura e Turismo de Rolândia e a Aliança Cultural Brasil Japão do Paraná solicitaram apoio para atualizar o catálogo do museu.


A partir dessa demanda, o LAPECO, sob a coordenação do Professor Doutor Richard Gonçalves André, iniciou um trabalho em conjunto com a UEL, o Apego (Associação de Pesquisa e Preservação de Patrimônio Histórico) e a Prefeitura de Rolândia. “Esse trabalho é minucioso e essencial para garantir a preservação das informações sobre o acervo, que havia sido parcialmente perdido em um incidente anterior”, destacou.

Funcionamento e visitação
Outro ponto de dúvida é sobre o acesso ao museu. Iwakura destacou que o espaço não está fechado, mas funciona mediante agendamento prévio. “O museu não é aberto todos os dias para visitas espontâneas, porque não temos funcionários fixos para permanecer ali diariamente. As visitas são programadas por meio do Museu Municipal que organiza os horários e acompanha os visitantes ao local”, salientou.


Excepcionalmente, neste mês de janeiro, o museu não está recebendo visitas devido a problemas no abastecimento de água. “O registro de água foi danificado, e estamos trabalhando para reparar a tubulação. Até lá, não conseguimos oferecer condições mínimas de visitação, como acesso aos banheiros”, afirmou Iwakura. A previsão é que as visitas sejam retomadas a partir de 15 de fevereiro.


Apesar das dificuldades, o coordenador reforçou que a Aliança, em parceria com a Prefeitura e outras entidades, tem trabalhado para manter o espaço funcional e acessível à população. Apesar de ser uma entidade privada, administrada pela Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, o museu busca manter suas portas abertas à comunidade. “Queremos que a população conheça o museu, pois temos todo o interesse em divulgar a cultura japonesa e mostrar os desafios enfrentados pelos primeiros imigrantes”, ressaltou Iwakura.


A visita ao museu oferece a oportunidade de compreender o quanto foi difícil para os primeiros imigrantes japoneses se estabelecerem na região. “Eles enfrentaram desafios imensos, como desmatar a terra com ferramentas rústicas, construir casas com o que encontravam na mata, plantar o próprio alimento e lidar com as barreiras culturais e de idioma”, explicou o coordenador Fábio Iwakura.


Além de educar sobre a história nipo-brasileira, o museu busca conectar pessoas de diferentes etnias à herança dos imigrantes, mostrando a força e a resiliência que marcaram suas jornadas.


Para agendar uma visita ao ‘Museu Japonês’, as pessoas interessadoa devem entrar em contato com o Museu Municipal de Rolândia pelo telefone (43) 3255-5516.

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