Fabio Iwakura, coordenador do Museu Histórico da Imigração Japonesa, o Museu Japonês, explica o funcionamento, a conservação e a importância do local para a comunidade nipo-brasileira
Museu Histórico da Imigração Japonesa de Rolândia, conhecido como Museu Japonês, tem sido tema de questionamentos por parte da comunidade, especialmente quanto à sua conservação e funcionamento. Para esclarecer as dúvidas e reforçar o papel cultural do espaço, Fabio Iwakura, coordenador do museu, explicou a situação em detalhes ao JR.
Muitos moradores de Rolândia acreditam que o museu é responsabilidade da Prefeitura ou do Clube Japonês da cidade, mas, segundo Iwakura, isso não procede. “O Museu pertence à Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, uma entidade sediada em Londrina que congrega associações nipo-brasileiras de todo o estado”, afirmou.
Um dos pontos que mais gera críticas é o estado da área externa ao museu. “Quem entra no Museu verá que ele está bem conservado, organizado e preservado. Mas as pessoas que passam pela frente enxergam a área em torno do museu, que muitas vezes tem mato alto, e acham que está tudo abandonado”, destacou Iwakura.
Esse contraste tem uma explicação: até cerca de três anos atrás, a área ao redor do museu pertencia à Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. Contudo, a organização vendeu o terreno para uma incorporadora local, que hoje é responsável por sua manutenção. O prédio do museu, que é o foco da Aliança, permanece preservado.
Iwakura enfatiza a importância de informar a população para evitar visões equivocadas. “As críticas que tenho ouvido refletem um desconhecimento sobre quem é responsável pelo museu e pela área ao redor. É importante esclarecer para que todos saibam o que realmente está acontecendo e possam compreender o trabalho que é feito para preservar esse patrimônio”, ressaltou.
A importância do museu
O Museu Histórico da Imigração Japonesa desempenha um papel essencial na preservação da história e cultura da comunidade nipo-brasileira de Rolândia e região. Além de guardar relíquias que retratam a chegada e os desafios enfrentados pelos primeiros imigrantes japoneses, o espaço é reconhecido por sua relevância histórica. “A cada 10 anos, durante as comemorações da Imigração Japonesa ao Brasil, Rolândia recebe a visita de um integrante da família imperial japonesa. Inclusive, o atual imperador Naruhito já esteve aqui e também tivemos um presidente da República, José Sarney”, pontuou Iwakura.
O que tem sido feito no museu?
Atualmente um dos projetos em andamento no museu é a catalogação do acervo. Com o apoio da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Prefeitura de Rolândia, alunos do curso de História têm registrado, fotografado e documentado as peças do museu. O trabalho é realizado em conjunto com o Laboratório de Pesquisa sobre Culturas Orientais (LAPECO), sediado na UEL e teve início em 2021, quando a Secretaria de Cultura e Turismo de Rolândia e a Aliança Cultural Brasil Japão do Paraná solicitaram apoio para atualizar o catálogo do museu.
A partir dessa demanda, o LAPECO, sob a coordenação do Professor Doutor Richard Gonçalves André, iniciou um trabalho em conjunto com a UEL, o Apego (Associação de Pesquisa e Preservação de Patrimônio Histórico) e a Prefeitura de Rolândia. “Esse trabalho é minucioso e essencial para garantir a preservação das informações sobre o acervo, que havia sido parcialmente perdido em um incidente anterior”, destacou.
Funcionamento e visitação
Outro ponto de dúvida é sobre o acesso ao museu. Iwakura destacou que o espaço não está fechado, mas funciona mediante agendamento prévio. “O museu não é aberto todos os dias para visitas espontâneas, porque não temos funcionários fixos para permanecer ali diariamente. As visitas são programadas por meio do Museu Municipal que organiza os horários e acompanha os visitantes ao local”, salientou.
Excepcionalmente, neste mês de janeiro, o museu não está recebendo visitas devido a problemas no abastecimento de água. “O registro de água foi danificado, e estamos trabalhando para reparar a tubulação. Até lá, não conseguimos oferecer condições mínimas de visitação, como acesso aos banheiros”, afirmou Iwakura. A previsão é que as visitas sejam retomadas a partir de 15 de fevereiro.
Apesar das dificuldades, o coordenador reforçou que a Aliança, em parceria com a Prefeitura e outras entidades, tem trabalhado para manter o espaço funcional e acessível à população. Apesar de ser uma entidade privada, administrada pela Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, o museu busca manter suas portas abertas à comunidade. “Queremos que a população conheça o museu, pois temos todo o interesse em divulgar a cultura japonesa e mostrar os desafios enfrentados pelos primeiros imigrantes”, ressaltou Iwakura.
A visita ao museu oferece a oportunidade de compreender o quanto foi difícil para os primeiros imigrantes japoneses se estabelecerem na região. “Eles enfrentaram desafios imensos, como desmatar a terra com ferramentas rústicas, construir casas com o que encontravam na mata, plantar o próprio alimento e lidar com as barreiras culturais e de idioma”, explicou o coordenador Fábio Iwakura.
Além de educar sobre a história nipo-brasileira, o museu busca conectar pessoas de diferentes etnias à herança dos imigrantes, mostrando a força e a resiliência que marcaram suas jornadas.
Para agendar uma visita ao ‘Museu Japonês’, as pessoas interessadoa devem entrar em contato com o Museu Municipal de Rolândia pelo telefone (43) 3255-5516.