Alunos assistiram a um documentário sobre cestaria, participaram de uma palestra com indígena da etnia Avá-Guarani e dos Jogos Indígenas
Na quinta (18), o Centro Cultural Nanuk, de Rolândia, recebeu Rodrigo Tupã Luis, que é do Oeste do Paraná, da etnia Avá-Guarani, estudante do 6º ano de Medicina da UEL, que foi o palestrante convidado para a Semana dos Povos Originários do Colégio ECM Kennedy. Antes, foi apresentado um documentário que trouxe à tona a riqueza cultural da cestaria indígena.
“Rodrigo falou um pouquinho sobre o artesanato, que é uma característica forte deles, e também sobre as dificuldades, divergências de ser um estudante indígena numa universidade regular. O evento foi realizado com as turmas do Ensino Médio do Kennedy”, explicou a professora Clarissa Fagnani Bacco, coordenadora da Semana.
A palestra de Rodrigo Tupã abordou a fundo essas dificuldades enfrentadas pelos estudantes indígenas ao ingressarem em universidades convencionais, especialmente no que diz respeito à adaptação linguística. “É fundamental compreender as barreiras enfrentadas pelos estudantes indígenas, desde o choque linguístico até a necessidade de adaptação aos métodos de ensino tradicionais”, acrescentou Clarissa.
No ano de 2023, a UEL contabilizava 37 estudantes indígenas em cursos de graduação, segundo a Divisão de Políticas de Graduação da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). Cerca de 22 alunos se formaram na UEL desde 2002, quando o vestibular dos povos indígenas foi instituído no Paraná – no ano passado, a UEL registrou a matrícula de 122 estudantes.
De acordo com informações repassadas pela própria universidade, muitos deixaram a universidade sem concluir os cursos, enquanto outros pediram transferência para outras instituições de ensino superior, mas felizmente o processo de evasão vem sendo reduzido desde 2014, quando foi implantado o Ciclo Intercultural de Iniciação Acadêmica dos Estudantes Indígenas. Por meio do ciclo, eles passam um ano com estudos e debates ofertados pela Comissão Universidade para os Indígenas (Cuia). Somente ao final desta etapa é que os estudantes escolhem o curso de graduação.
A professora que destacou a importância dessas iniciativas para promover a valorização e compreensão da cultura indígena. “O documentário mostrou que cada etnia tem um trançado característico e foi mostrado o dos Caingangues, que utilizam mais cor, com uma cestaria um pouco mais expressiva, mais colorida. Os Guaranis, por exemplo, já têm um traçado diferente com menos cor, que é mais trabalhada no cru”, revelou Clarissa.
De acordo com a educadora, a presença do Rodrigo Tupã proporcionará aos alunos uma visão aprofundada sobre a arte da cestaria, uma prática ancestral que representa não apenas uma fonte de sustento econômico, mas também um importante meio de preservação cultural.
Jogos Indígenas
Na sexta, dia 19 de abril, Dia dos Povos Originários, a comunidade escolar do Colégio Kennedy participou de uma manhã dedicada aos Jogos Indígenas, uma iniciativa que visa promover a integração e o respeito à diversidade cultural. Os jogos aconteceram no período da manhã e são uma oportunidade única para os alunos vivenciarem algumas das modalidades esportivas praticadas pelos povos indígenas em seus territórios de origem.
“Dentre as modalidades praticadas, destacaram-se o arco e flecha, o lançamento de lança, o cabo de guerra, a corrida de tora e a disputa da peteca. São atividades que não apenas proporcionam diversão e integração, mas também resgatam e valorizam a cultura indígena”, ressalta a professora Clarissa.
Embora o evento seja restrito à comunidade escolar neste primeiro momento, há planos para expandi-lo e promover interações entre outras escolas no futuro. “Nosso objetivo é estender essa iniciativa para além dos muros da escola, promovendo uma maior integração entre as comunidades e um maior reconhecimento da importância da cultura indígena em nossa sociedade”, conclui Clarissa.