# Resenha: A Metamorfose de Franz Kafka

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Jornada Literária – por Ana Paula Silva

“Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseando em um inseto monstruoso[…]”. Essa é uma das obras mais icônicas da literatura universal, já de início podemos observar a característica predominante do texto de Kafka: o absurdo da realidade.

Um homem transformando-se em um inseto, o que isso quer dizer? A obra de Kafka possui diversas leituras e interpretações. Contudo, considerando o contexto social da época, podemos resumir a obra como uma grande metáfora para a condição humana da época. Enclausurados em baias de trabalhos em condições insalubres, a alienação rotineira dos indivíduos desumanizados pelo trabalho.

É importante destacar que esse contexto se trata do início da modernidade, ocorria uma mudança brusca no cotidiano das pessoas com decorrência dos novos inventos, tornando o mundo mais rápido e fragmentado. Kafka estava em conflito com os valores pré-modernos da permanência, do enraizamento, dos hábitos e, por outro lado, dos novos conceitos modernos de rapidez, superficialidade e fluidez. Tudo isso, contribuiu para a forma como Kafka desenvolveu seus textos.

Ainda sobre a Metamorfose, enquanto Gregor ainda está no leito, acabando de se metamorfosear em um inseto asqueroso, reflete sobre sua profissão de caixeiro viajante e como é tão cansativo viajar todos os dias, mesmo compreendendo seu novo “estado”, ele ainda continua pensando sobre seus afazeres e compromissos.

Mais tarde, na narrativa, podemos notar mais um ponto alarmante sobre essa condição de alienação em relação ao trabalho, quando os familiares notam que Gregor transformou-se em uma barata, a primeira preocupação está em como a família se manteria financeiramente, já que ele era o único que trabalhava.

Toda a narrativa constrói-se no processo de metamorfose e adaptação de Gregor e da família com a nova situação, contudo, no final, até sua irmã, a familiar mais chegada, começa a ter uma visão de repúdio, consolidando o processo de coisificação e animalização da personagem principal. Transformando-o em um isso, alguém/algo indesejado por todos.

Esse texto nos faz refletir sobre condição humana da época, mas também pode ser trazido para os dias atuais, tornando-se uma narrativa atemporal.
Boas leituras!

Ana Paula Silva
Formada em Pedagogia e Letras e mestranda em Estudos Literários

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Ana Paula Silva

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