Ponto de Fuga â por Aline Echamendi e Guilherme Bego do EstĂșdio E&B â Arquitetura e Interiores

Se hĂĄ uma pergunta que permeia quase toda primeira conversa sobre um novo projeto, Ă© sobre o famoso âpreço do metro quadradoâ. Entendemos perfeitamente essa busca, que nasce do desejo humano de ter uma referĂȘncia, um chĂŁo firme para pisar antes de se lançar na jornada de construir. Ă uma tentativa de traduzir um sonho imenso em um nĂșmero palpĂĄvel.
O que nos preocupa, no entanto, Ă© que essa busca por um nĂșmero mĂĄgico alimenta uma das ficçÔes mais arriscadas do nosso universo. A verdade Ă© que esse valor, muitas vezes repetido como um mantra, nĂŁo passa de uma miragem no deserto do planejamento. Ele ignora o fato de que uma casa com a mesma ĂĄrea de outra pode custar o dobro, dependendo nĂŁo apenas dos acabamentos que saltam aos olhos, mas das escolhas silenciosas feitas em sua estrutura, em suas instalaçÔes e na tecnologia embutida em suas paredes.
Um projeto Ă© um organismo vivo. Ă sĂł olhar para exemplos prĂĄticos: no DepĂłsito RolĂąndia, vocĂȘ pode optar por uma cerĂąmica ou um porcelanato; na Tintas.com, a dĂșvida pode ser entre um cimento queimado ou um revestimento acrĂlico. E cada uma dessas escolhas significa valores muito diferentes. Tabelar um valor por metro seria como definir o preço de um prato apenas pelo tamanho, ignorando a complexidade e a qualidade dos seus ingredientes.
Por isso, nosso trabalho como arquitetos Ă© conduzir o cliente para alĂ©m dessa mĂ©trica. Ă trocar a pergunta âquanto custa?â por âcomo vamos investir seu orçamento de forma inteligente?â. A resposta honesta nĂŁo estĂĄ em uma mĂ©dia, mas em um plano detalhado, que transforma desejos em nĂșmeros realistas.
Na hora de construir seu patrimĂŽnio, vocĂȘ prefere se guiar por uma ficção conveniente ou por um plano estratĂ©gico?





