Psicóloga destaca que equilíbrio entre preparo emocional e conhecimento técnico é essencial para que novos negócios prosperem

Por Erika Zanon – Assessora de Imprensa
Dados da Junta Comercial do Paraná mostram que, entre janeiro e julho deste ano, foram abertas 220.598 empresas no estado, alta de 19,5% em relação ao mesmo período de 2024. No saldo entre abertura e fechamento, o crescimento foi de 15,17%, com mais de 92 mil novos CNPJs. Mas, segundo o Sebrae, quase metade das micro e pequenas empresas no Brasil fecha as portas por problemas financeiros e falta de planejamento. Como evitar que o sonho de empreender acabe no vermelho?
Apesar do cenário positivo para o empreendedorismo no Paraná, a realidade nacional mostra que muitos negócios não sobrevivem aos primeiros anos. O Sebrae aponta que 48% das micro e pequenas empresas encerram suas atividades por desorganização financeira e ausência de controle estruturado do fluxo de caixa. Outros 17% dos empreendedores admitem não ter feito nenhum planejamento, e 59% dizem que planejaram apenas os seis primeiros meses de operação, tempo insuficiente para garantir sustentabilidade.
Para a psicóloga Sarah Figueiredo, especialista em negócios e carreiras, transformar um sonho em uma empresa bem-sucedida exige muito mais do que paixão e vontade. “É preciso unir preparo emocional, para lidar com frustrações e mudanças de rota, e preparo técnico, que envolve gestão, vendas, análise de mercado e mentalidade empreendedora. Só gostar da área não garante resultados”, afirma.
Competências
Segundo Sarah, a preparação emocional passa por cinco competências-chave: tolerância à frustração, capacidade de decisão sob pressão, autoconhecimento, adaptabilidade e visão de longo prazo. “O empreendedor precisa suportar o desconforto do presente olhando para o ganho futuro, sabendo que os resultados raramente acontecem na velocidade e na forma idealizadas”, explica.
No lado prático, a especialista reforça que é fundamental compreender não apenas o produto ou serviço, mas também os fundamentos do negócio. “Quem empreende precisa saber vender e gerir, não apenas entregar. Gestão, vendas, análise de mercado e mentalidade empreendedora são pilares que não podem ser ignorados.”
Hora certa
Decidir o momento certo de abrir uma empresa ou de encerrar as atividades exige realismo e autoanálise. A especialista lembra que, para quem migra do mercado formal (CLT) por exemplo, é importante projetar como deseja viver nos próximos anos, e só então desenhar a empresa alinhada a essas expectativas. “Muitos saem do emprego por insatisfação ou por perceber que chegaram a um teto, mas não avaliam os desafios do mundo dos negócios, que são tão exigentes quanto os da carreira corporativa.”
Quando o assunto é conciliar retorno financeiro com satisfação pessoal, Sarah traz uma visão diferente do que costuma ser defendido. “Na maioria das vezes, o dinheiro e o reconhecimento vêm antes do gostar. Quando um negócio começa a gerar prosperidade, é natural que passemos a apreciar cada vez mais o que fazemos, porque está associado a conquistas, autonomia e qualidade de vida. Em alguns casos, é possível que a paixão anteceda o lucro e, quando isso acontece, ótimo, mas o mais comum é que a satisfação cresça junto com os resultados financeiros”, destaca a psicóloga. Para ela, o importante é buscar um equilíbrio em que o trabalho traga sentido, mas também sustente seus objetivos de vida.