Essa é a receita prevista para a Viva S/A; fusão deve aumentar a oferta de empregos e foi destaque na mídia nacional
Após cinco anos de negociações e seis joint ventures, as indústrias de couros Viposa e Vancouros decidiram unir as duas operações e criar a Viva S/A, empresa que nascerá com faturamento de R$ 3,1 bilhões. As sócias acabaram protocolar a proposta de fusão no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avalia os efeitos do negócio sobre a concorrência.
Visibilidade nacional
A fusão das duas grandes empresas de couros foi destaque na mídia nacional, dado a sua importância para o cenário na economia nacional, dentro de sua área. Essa relevância pode ser comprovada após a ‘junção’ da Viposa e da Vancouros ser capa de revistas e jornais importantes do Brasil. No dia 18 de setembro, por exemplo, a Vivas S/A foi a primeira página do jornal Valor Econômico. A matéria também saiu na Globo e n’O Globo (jornal), entre outros veículos de comunicação.
A Viva terá capacidade de processar 7 milhões de unidades de couro ao ano, consolidando-se como uma das maiores indústrias do segmento no país. Atualmente, as duas empresas fornecem couros às indústrias automobilística, de móveis e moda. “O nome Viva vem de Viposa e de Vancouros”, explica Edson Vanzella Pereira de Souza, diretor-presidente da Vancouros, fundada em 1990 em Rolândia – a empresa Viposa nasceu em 1954 em Caçador (SC).
“As estradas das nossas empresas eram paralelas e se cruzaram no ano de 2001, quando nós montamos uma planta em Sinop, em Mato Grosso”, ressaltou Vanzella. A primeira parceria, relatou, foi uma saída para evitar uma concorrência predatória entre as duas empresas, ambas com interesse na região. “Os nossos maiores concorrentes não estão dentro do Brasil, eles estão lá fora. A gente compete muito com os produtos chineses, e eles têm custos extremamente baixos, por isso precisamos de produtividade”, acrescentou o diretor.
Desde então, a união tem sido a estratégia das duas companhias para aumentar a eficiência e reduzir seus custos. Além do segmento de couros e curtumes, os investimentos conjuntos nas últimas duas décadas incluíram a abertura de duas indústrias químicas par atender as próprias operações com couros e, mais recentemente, uma fábrica de gelatinas (a Gelprime) em Ibiporã. “Com a Viva, a gente inaugura uma nova fase, transformando o couro, não só em revestimento, mas também em proteína. Era uma possibilidade que existia e que estava sendo usada por grandes nomes no mercado, mas nunca pela indústria de couro”, disse Vanzella, em referência à gelatina.
Segundo o executivo, a Viva será a primeira indústria exclusivamente de couro do mundo a usar pele animal para a produção de gelatina. Frigoríficos já fazem esse aproveitamento. Hoje, a unidade produz 8 mil toneladas de gelatina por ano. As duas sócias preveem triplicar esse volume até 2028, ano em que a Viva pretende abrir mais uma planta de couro e internacionalizar seus negócios com a instalação de filiais na América Latina e na América do Norte. A meta, segundo Vanzella, é dobrar o faturamento nos primeiros quatro anos de operação.
A fusão também abrirá caminho para uma mudança de patamar do ponto de vista financeiro, afirma o executivo. “A gente ganha uma capacidade maior de obter financiamento”.
Mais empregos
“Essa fusão também vai dar mais corpo e competividade ao grupo, o que vai nos fazer aumentar a produção, por exemplo, das indústrias de Rolândia. O aumento da produção demanda de mais pessoas e acreditamos que, em um futuro de um a dois anos, deve gerar mais 200 empregos, só em razão da fusão”, comemora Edson. “Penso que teremos mais capacidade de competividade e a empresa vai crescer – o DNA dela é de crescimento e ela vem crescendo desde a sua criação”, pontuou.
“Em termos de qualidade, temos que estar numa excelência. E não se faz produto de excelência sem pessoas excelentes. Então temos o maior orgulho do quadro que temos de colaboradores e colaboradoras. Pessoas dedicadas e bem treinadas, que sabem o que estão fazendo – temos colaboradores que estão conosco há 30 anos”, resumiu Edson Vanzella.
Raio-x
De acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), havia 214 unidades produtivas em operação no segmento de couro em 2020. Dois anos antes, eram 240. “O mercado vem se concentrando ano a ano no mundo todo. A gente tem conseguido reduzir os custos de produção das nossas empresas com essa união e com o aumento do volume de produção”, complementou o diretor-executivo da Viposa, Eduardo Seleme.