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Debate sobre educação antirracista reforça necessidade de ação

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Com a presença do deputado Renato Freitas, evento na APP Sindicato Londrina aponta urgência de práticas antirracistas nas escolas

Isabely Ramos, especial para a Rede Lume

Na noite de ontem, 21 de agosto, a APP Sindicato Londrina sediou o debate “Educação Antirracista – Práticas possíveis”, reunindo importantes vozes da luta antirracista do norte do Paraná. A mesa de discussões, mediada pela professora Maria Moreira, contou com a participação do deputado estadual Renato Freitas (PT), do Mestre Zé Guanabara, do Projeto Jogando Capoeira na Escola, de Robson Ogumsola, da Associação de Ogans, de Luciane Santos, afroempreendedora da Zuri Bonecas Artesanais, de Lígia Braga, MC de batalha de rima e de Eddie Mansan, representando o Ilê Axé Opô Omin.

De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Alana e Geledés, de 2023, apenas 29% dos municípios brasileiros realizam ações consistentes para a implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira nas escolas. Essa realidade evidencia os desafios e a urgência de se discutir práticas pedagógicas antirracistas na educação.

Lígia Braga abordou a prática antirracista do hip hop, destacando como o gênero e sua história são intrinsecamente antirracistas. Ela enfatizou que a prática pedagógica deve ser realizada com afeto, vínculo e empatia com os estudantes negros.

“A cultura e a arte são ferramentas poderosas no resgate e na inclusão de todos,” afirmou. Ela também falou sobre as batalhas de rima em Londrina, que hoje contam com 13 batalhas no circuito, e o impacto positivo do projeto “Freestyle de Rua” nas escolas estaduais da cidade.

Ausência de não negros

A falta de professores brancos no evento destacou um problema mais amplo: o desinteresse da classe branca e dos profissionais de educação em se envolver ativamente na luta antirracista. Esse vazio de participação evidencia a necessidade urgente de mobilizar todos os setores da sociedade para a implementação efetiva da Lei 10.639/03 e para a criação de um ambiente educacional mais inclusivo e antirracista.

De acordo com o Censo Escolar de 2023, quase 9 milhões de brasileiros de 18 a 29 anos não concluíram a escola, conforme dados divulgados pelo MEC. O documento aponta que vários fatores sinalizam um alerta para a continuidade do abandono escolar. Na EJA, o número de adultos matriculados caiu 7% de 2022 a 2023. Quase 400 mil crianças e jovens de 6 a 14 anos não estavam frequentando a escola em 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dos 9 milhões de estudantes que não concluíram o Ensino Médio no Brasil em 2023, 58,1% são homens e 41,9% são mulheres. A discrepância é maior entre a população negra, com cerca de 71,6% dos alunos que desistiram de estudar sendo pretos ou pardos, em contraste com 27,4% entre os brancos. A maioria, 41,7% dos jovens entre 14 e 29 anos, abandonaram a escola pela necessidade de trabalhar.

Dayo, multiartista marginal, trancista, poeta, hairstylist, professora de arte-educação e rap, integrante do Coletivo Máfia, participou do evento como ouvinte e falou sobre a importância do hip hop nas escolas e da identificação dos alunos com seus educadores. Para ela, os professores podem se apropriar da cultura hip hop.

“A cultura e a arte são ferramentas essenciais para o resgate e inclusão na sala de aula, especialmente para aqueles que ainda não foram resgatados. O estudo precisa de humanização, acolhimento, escrevivência, poesia e acesso à música para proporcionar uma experiência sensorial e esperança para a vida dos alunos.”

O debate destacou a necessidade urgente de implementar práticas pedagógicas antirracistas e valorizar a identidade dos alunos negros nas escolas. A aplicação da Lei 10.639/03 e a promoção de uma educação antirracista são essenciais para combater a evasão escolar e garantir um ambiente educacional que respeite e celebre a diversidade.

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