Especialista em gestão de carreiras aponta que gestores precisam se adaptar a diferentes faixas etárias e que isso pode ser uma oportunidade de resgatar de cada um deles o que tem de melhor
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Sarah Figueiredo, consultora de negócios
O mercado de trabalho contemporâneo vive um momento único em sua história: quatro gerações coexistem ativamente nas empresas, cada uma com suas particularidades, desafios e oportunidades. Os Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z representam diferentes perspectivas, influenciadas por contextos históricos, econômicos e sociais distintos. Essa diversidade de gerações exige dos gestores e líderes uma adaptação constante para extrair o melhor de cada grupo. Das seis gerações vivas que temos hoje, quatro delas estão no mercado de trabalho.
De acordo com Sarah Figueiredo, especialista em gestão de carreiras e consultora de negócios, “os desafios no mercado de trabalho hoje não estão apenas relacionados à tecnologia, mas também à convivência entre gerações que foram moldadas por contextos completamente diferentes”. Para os Baby Boomers, por exemplo, o desafio da aposentadoria é uma questão central.
“Essa geração, que foi ensinada a permanecer em uma única empresa por 30 ou 35 anos, agora se depara com um cenário onde a longevidade aumentou consideravelmente, forçando muitos a retornarem ao mercado de trabalho, seja por necessidade financeira ou para manterem-se produtivos”, observa a psicóloga. Além disso, afirma, muitas empresas buscam contratar profissionais dessa geração por seu comprometimento e experiência.
Desafios diferentes
Por outro lado, a Geração Z, composta por jovens que cresceram rodeados pela tecnologia, enfrenta desafios diferentes ao entrar no mercado de trabalho. “A geração Z já nasceu com computadores e smartphones em casa, o que moldou sua visão de mundo e suas habilidades. No entanto, a falta de experiência prática e as dificuldades com habilidades socioemocionais, como empatia e convivência, tornam sua adaptação ao mercado de trabalho mais complexa”, ressalta Sarah. A psicóloga completa que, essa geração, que cresceu superprotegida, encontra um ambiente corporativo que muitas vezes não atende suas expectativas imediatas, o que gera atritos.
A Geração X e os Millennials também têm suas características marcantes, na opinião da psicóloga. A Geração X, nascida entre os anos 1960 e 1980, viveu a transição do mundo analógico para o digital, o que lhes confere uma grande capacidade de adaptação. Já os Millennials, nascidos entre 1980 e 2000, são conhecidos por sua busca por liberdade intelectual e autodidatismo.
“Os Millennials foram criados com mais autonomia, já que muitos de seus pais trabalhavam fora, e a internet foi crucial para o desenvolvimento dessa geração, que hoje é responsável por trazer inovação e flexibilidade para o mercado”, observa Sarah.
Desafios e gerenciamento
Diante desse cenário multigeracional, a chave para o sucesso, segundo a especialista, está na capacidade de líderes e gestores em administrar equipes heterogêneas. “Quanto mais diverso for um time, mais rico ele será em termos de inovação e troca de experiências. No entanto, é também o grande desafio, que é gerenciar diferentes visões de mundo ao mesmo tempo”, observa a psicóloga. A recomendação da especialista é que os líderes priorizem a seleção de profissionais com habilidades humanas, as chamadas soft skills, e treinem as técnicas necessárias para o desempenho das funções. “O sucesso está em criar equipes onde um profissional fortaleça o outro, contribuindo para um ambiente de colaboração e desenvolvimento mútuo”, enfatiza.
Sarah completa que a coexistência de múltiplas gerações no ambiente corporativo pode ser desafiadora, mas também oferece uma oportunidade única de aprendizado e evolução para empresas que souberem explorar o potencial de cada grupo. Com o avanço da tecnologia e a chegada da nova geração Beta, prevista para nascer a partir de 2025, é esperado que as mudanças no mercado de trabalho continuem a acelerar, exigindo cada vez mais flexibilidade e inovação.