Peão das Águas e vencedor de dois mundiais, o paracanoísta Igor Tofalini busca medalha inédita em Paris
O paracanoísta Igor Tofalini, 41 anos, busca nesse ano a única conquista que ainda não tem no currículo. Paranaense de Cambé, no Norte do Estado, e bolsista do programa Geração Olímpica e Paralímpica do Governo do Paraná, ele já venceu seis vezes o Campeonato Brasileiro, duas o Sul-Americano, duas o Pan-Americano e duas o Mundial, competição em que também conquistou duas pratas.
Falta botar no peito apenas a medalha paralímpica. E é o ouro que ele vai buscar nos Jogos de Paris em setembro na prova de 200 metros VL2, categoria para paratletas que não têm movimentos nas pernas. “Se eu conseguir, essa medalha vai ser uma realização pessoal, de sonhar, trabalhar e conquistar algo que não tem preço. É como alcançar o nível mais alto da sua profissão. E, no meu caso, poder olhar para trás e ver que superei todas as dificuldades”, aponta o paratleta.
Igor se refere ao acidente que o deixou paraplégico em 2011, quando era peão de rodeio. Ao cair de cima de um boi numa prova, levou um pisão do animal que fraturou a coluna. Após o acidente, foram 45 dias de tratamento no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, referência nacional na reabilitação de pacientes vítimas de lesões com sequelas ortopédicas e neurológicas. E foi durante o tratamento na Capital Federal que Igor ouviu falar pela primeira vez sobre esportes adaptados.
Ao voltar a Londrina, onde ainda mora, decidiu se dedicar à natação, esporte em que até chegou a conquistar algumas medalhas. Mas, como ele mesmo diz, cansou de “contar azulejo” nos treinos. No mesmo clube em que nadava, viu a equipe de canoagem treinando e achou interessante praticar um esporte sobre as águas.
Em 2013, dois anos após o acidente que o tirou das arenas de rodeio, nascia o Peão das Águas, apelido que leva até hoje. Nascia também a parceria com o técnico Gelson Moreira Souza, com quem Igor segue treinando.
“A transição para a canoagem foi difícil. Mas em 2014 conquistei meu primeiro campeonato nacional e ali vi que a canoagem poderia mudar minha vida”, recorda. “Ali passou um filme na cabeça. Eu estava vencendo uma prova de um esporte que poucos anos antes eu nunca tinha sequer visto na TV, nem sabia que existia esportes paralímpicos”.
O primeiro grande feito veio em 2016, com a classificação à Paralimpíada do Rio de Janeiro. Ainda competindo no caiaque, Igor chegou até à semifinal – na sequência, fez a transição para competições de canoa. Para os Jogos de Tóquio, ele não obteve classificação. Já para a Paralimpíada de Paris o cenário é outro: Igor chega cotado ao ouro após um bom ciclo paralímpico, que inclui a conquista do Mundial de 2022 no Canadá e a prata no Mundial de 2023 na Alemanha.
Igor Tofalini compete com a equipe brasileira no dia 06 de setembro e pode ser na Bateria 1, às 6h45, ou às 6h50 na Bateria 2. Isso nos horários de Brasília.