O mĂ©dico Osni Domingos Giordani, 76 anos (12/11/1940), faleceu na manhĂŁ desta terça-feira (21) no Hospital do Coração, em Londrina. Osni era casado com Helena Grezlak Giordani e pai de Fabiane Giordani, Fábio Giordani e Osni Fabrizio Giordani. O mĂ©dico era uma das pessoas mais conhecidas e queridas do municĂpio e deixa uma legiĂŁo de amigos e de pessoas agradecidas pelas mais de quatro dĂ©cadas de dedicação Ă medicina. Seu corpo foi velado na capela central de Rolândia e sepultado na manhĂŁ de quarta-feira (22) no cemitĂ©rio municipal.
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  Talvez um dos palmeirenses mais famosos de Rolândia, doutor Osni recebeu a Comenda Roland – uma homenagem da Câmara de Vereadores – na no dia 10 de junho de 2016, por seus trabalhos prestados Ă comunidade rolandense. Em abril do ano passado, o homenageado recebeu a reportagem do JR em sua casa e falou um pouco de sua vida. A conversa o deixou emocionado por várias vezes. Relembre a reportagem abaixo, mantida no tempo verbal em que foi publicada:
   “O mĂ©dico revelou que está emocionado com a homenagem e que teve uma grata surpresa ao receber a notĂcia da Comenda. “A indicação Ă© do meu sobrinho, Odir Polaco Junior, cujo pai foi exemplo de cidadania. Fico muito agradecido já que houve unanimidade por parte de todos os 10 vereadores”, afirmou Osni Giordani, que foi vereador e presidente da Câmara nos anos de 1990.
   Osni nasceu no distrito Campos Novos, em Capinzal (SC), no dia 12 de novembro de 1940. Filho de Gustavo Giordani e Olga Brun Giordani, com 6 anos mudou-se para Rolândia. “O sogro de meu pai, o meu avô, morava aqui”, relembra. O futuro médico estudou no Grupo Escolar de Rolândia (atual Souza Naves) e pensava em ser alguém na vida. Foi amigo de infância de Luiz Liberatti, que o incentivou na escolha da profissão.
   Osni se lembrou de sua infância. “Trabalhávamos no Casa GaĂşcha e entregava as compras em cima de uma espĂ©cie de carrinho de mĂŁo. Com chuva ou sol, tirava a mercadoria do caminhĂŁo e tambĂ©m entregava. O saco de estopa era o guarda-chuva e o guarda-sol. Tudo sem asfalto”, relembra. Depois foi ser motorista do pai, que fazia avaliação do Banco do Brasil, por toda a regiĂŁo. “Eu guiava o Jipinho pra ele. Depois virei office-boy da relojoaria Rebes, na Duque de Caxias com a Interv. Manoel Ribas. Depois fui ser sapateiro na Sapataria do seu EmĂlio, um corintiano roxo. Batia sola de sapato ali. Fui ser frentista de posto de gasolina numa auto-mecânica. TambĂ©m fui engraxate, para ganhar um dinheiro que era usado no cinema. Estudava e tinha uma parceria com Aparecido Trevisan, o Padreco, na caixa de engraxate”, afirmou Giordani.
   “Fui me matricular em um cursinho intensivo de Curitiba, o Mendel, e o diretor de lá me disse que não em matricularia, já que minha base era pouca e não passaria no vestibular. Disse para ele não precisava me matricular, que eu pagaria a mensalidade e assistiria às aulas lá do fundo. Isso em dezembro de 1961”, relembra Giordani. “Ele ficou perplexo e disse que me matricularia sim. Era o professor Juvenal. Ficamos em seis com a mesma nota na última vaga na Universidade Federal do Paraná. Nossa turma teve 125 estudantes”, ressaltou.
   Osni se formou em dezembro de 1967. O mĂ©dico foi para SĂŁo Paulo fazer residĂŞncia e voltou para Rolândia em 19 de setembro de 1969. “No hospital SĂŁo Lucas, desde o começo atĂ© o fim”, relembra. O mĂ©dico tambĂ©m falou da dedicação, que ainda continua dando consultas a amigos. “NĂŁo tĂnhamos nem sábado, nem domingo e nem feriado. Quantas vezes nĂŁo fui de pijama atender a alguma pessoa. No inĂcio nĂŁo tĂnhamos telefone e eu ia dormir no hospital. Minha lua-de-mel nĂŁo terminou, pois achei de ligar para o hospital para saber como estava e o patrĂŁo (Luiz Liberatti) mandou eu voltar”, afirmou, entre risos.
    Alguns fatos marcaram a Giordani em sua vida profissional. “Uma vez estava sozinho e chegou uma criança com convulsĂŁo, tinha uns 4 anos, fiz o que pude, entubei a criança. Ela morreu quatro horas depois, mas os pais agradeceram pelo atendimento. SĂŁo coisas assim que…”, o pensamento Ă© cortado pela emoção de se lembrar. Uma outra vez, chegou uma mĂŁe com a criança no colo, engasgada com uma semente de laranja. “Peguei do colo dela e fiz a traqueostomia. Salvei a vida dela”, relembra. “A profissĂŁo tem as alegrias e as tristezas”, reforçou.
    Muitos conhecem o doutor Osni por causa de seu trabalho no exame de vista do Detran, que faz desde 1985, há mais de 30 anos. “O dono da Faccar, Cândido Garcia, me convidou para assumir os exames lá na faculdade, pois o Governo queria descentralizar os exames, que eram todos em Londrina. Eu disse que assumiria”, relembra. “Agora estou me reestabelecendo para voltar a fazer o exame”, ressaltou.
     Ainda como mĂ©dico, trouxe a agĂŞncia do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para Rolândia, com apoio do superintendente, Candido de Oliveira. “Como presidente da Câmara, no inĂcio de 1990, fui numa reuniĂŁo representando a cidade e conversei com o superintendente. Ele me falou que tinha um primo aqui e tambĂ©m falou que poderia trazer uma agĂŞncia do Inamps para Rolândia. Corremos atrás de todos os papeis e assinaturas e conseguimos trazer para cá, em 1992”, relembrou.
    O mĂ©dico já foi, ainda, diretor do ColĂ©gio Roland, foi eleito vereador em 1989 e presidente da Câmara em 1990/91. Desde 1998 Ă© mĂ©dico da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego e trabalha como mĂ©dico no Detran de Rolândia desde 1995.”