Rolândia: violência contra a mulher cresce

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Em 2016, a Vara Criminal de Rolândia registrou 162 denúncias de violência contra a mulher, através da lei Maria da Penha. Até o momento no ano de 2017, já foram registradas 50 denúncias. A advogada Iris Soraia Inêz (foto), que atuou quatro anos na Defensoria Pública e atendeu aproximadamente 200 casos de violência contra a mulher, avalia que esse número não significa um aumento nas agressões, mas nas denúncias. Soraia ressaltou que o contrário do que se imagina, esse crime não é cometido somente por maridos ou companheiros, mas também por filhos, irmãos e pais das mais diferentes classes sociais, com maior ou menor condição financeira. A maioria dos agressores são homens que sofrem com dependência química. 

A advogada explicou como funcionava o atendimento às mulheres vítimas de violência. “Na época em que a 
Defensoria Pública de Rolândia fazia o atendimento juntamente com a secretaria da Mulher, houve um aumento de denúncias”, relatou Soraia. A defensoria explicava os direitos e acompanhava a mulher na delegacia, dando suporte jurídico ao processo. A secretaria da Mulher atuava na qualificação, ofertando cursos para que a vítima tivesse uma renda para não depender financeiramente do homem, até mesmo para sustentar os filhos. O CREAS também fornecia apoio psicológico à mulher durante o processo de separação. Tudo isso formava uma rede interligada de proteção à mulher. “Às vezes a mulher procurava o CRAS, procurava uma psicóloga ou procurava mesmo um médico do posto de saúde, então as secretarias entravam em contato umas com as outras e a primeira coisa que eles faziam era acionar a Defensoria Pública”, relembra Soraia.

A Defensoria Pública na época fazia palestras nos bairros da cidade e distritos com o objetivo de informar sobre a violência contra a mulher. Por isso, a advogada considera fundamental que a mulher tenha informação e segurança. “Se a mulher tem um suporte, uma segurança e principalmente que ela conheça quais são os direitos dela, eu acho que ela se encoraja para poder fazer a denúncia e buscar ajuda”, afirmou a advogada. Segundo Soraia, a mulher não apanha porque quer. Ela tem medo de deixar o homem por causa de fatores como filhos, situação financeira e moradia.

A advogada explicou que a parte do Poder Público nesse processo é divulgar e oferecer suporte. Para isso, o ideal seria ter um local especializado. “O nosso sonho é ver uma delegacia da Mulher em Rolândia”, disse. “Eu acho muito difícil a mulher chegar, às vezes machucada e agredida, na delegacia e sentar na frente de um escrivão homem para falar o que aconteceu”, afirmou Soraia.

Atualmente, a advogada não tem mais vínculos com o Poder Público e atende em seu escritório. Mesmo assim, ela continua orientando, de forma particular, mulheres que a procuram em situação de violência. No momento, a secretaria da Mulher está em transição e esse acompanhamento não vem sendo realizado na atual administração. Soraia tem esperança que esse serviço seja reorganizado e volte a funcionar em breve no município. “Eu torço muito para que a administração atual consiga ativar tudo isso”, afirmou. 

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