Expectativas Econômicas e Incertezas Políticas

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Boa parte dos acontecimentos na Economia real são intimamente ligados às expectativas dos agentes econômicos. Os produtores definem estratégias de investimentos, os consumidores planejam efetivarem suas compras, levando-se em consideração um possível cenário futuro, construído a partir do contexto econômico e político atual e das experiências acumuladas por consumidores e produtores ao longo de suas vidas.

Estudos explicam que os agentes econômicos tomam suas decisões presentes com base nas expectativas futuras da economia. A questão atual porém, é que o momento político que estamos vivendo, caracterizado principalmente por uma série de incertezas, dificulta o estabelecimento dessas expectativas. Assim o que se percebe no mercado é uma indefinição angustiante sobre o futuro. 

Na verdade, esses períodos de incertezas políticas, por vezes, prejudicam mais a economia que a própria recessão. O motivo disso é que causa uma paralisia nas tomadas de decisões no presente, que poderiam sinalizar um contexto melhor para o futuro. Dessa forma, o produtor não investe o consumidor não compra e o mercado permanece num ciclo vicioso, que é alimentado todos os dias pela descoberta de novos eventos de corrupção na política.

Uma série de indicadores recentes, como a queda da inflação e a diminuição sequente da taxa básica de juros (SELIC), demonstrava que a economia estava dando sinais reais de melhora. A possibilidade de aprovação das reformas estruturais, como Previdência e Trabalhista, também alimentava a esperança de que, no médio prazo, as contas públicas estariam sob controle. Essa série de fatores, desenhava um cenário econômico, capaz de gerar expectativas positivas para o futuro da economia. Dessa maneira, é provável que uma onda de decisões otimistas poderiam acontecer, em especial, aquecendo o mercado de trabalho.

Entretanto, revelações de corrupção envolvendo o Executivo Nacional caíram como um balde de água fria na construção das expectativas futuras. Porém, apesar do fato ser grave, o maior prejuízo para a economia não está somente no mérito da questão, mas, principalmente no tempo que pode se prolongar as incertezas políticas. Não se sabe se o Presidente continuará no cargo ou, na hipótese contrária, como seria sua sucessão. Essas indefinições geram estagnação completa da Economia, já que não se tem parâmetros para estabelecimento de expectativas econômicas futuras, portanto não há base para tomada de decisões no presente.

Apesar de tudo isso, a divulgação do crescimento positivo do PIB no primeiro trimestre de 2017, pode influenciar favoravelmente a tomada de decisões de produtores e consumidores. Nessa época de incertezas políticas e recessão econômica, se faz necessário um exercício quase impossível: – dissociar Política e Economia.  Felizmente, o setor produtivo e o povo brasileiro possuem uma resistência gigantesca diante das adversidades e uma esperança inabalável. Certamente aprenderemos muito com tudo isso.    
Prof. Marcio Luis Massaro, Economista (UEL), MBA Executivo em Marketing (FGV), Mestre em Administração (UEL). Coordenador dos cursos Ciências Contábeis e Administração da Faccar e dos Programas de Pós Graduação.

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