A Escola Nossa Senhora Aparecida, localizada no distrito do Bartira, em Rolândia, criou um projeto em que os 14 alunos do 5° ano do Ensino Fundamental produziram um jornal com a professora Michelle Nascimento Ribeiro Nassu. A ideia surgiu da diretora Ana Paula Oliveira do Nascimento, com o suporte da pedagoga Rosângela Moloni, e foi inspirada pela matéria do JR, publicada em maio deste ano, sobre a onça encontrada em uma oficina em Rolândia.
Segundo Ana Paula, o projeto foi pensado para melhorar a leitura das crianças. “Há uma defasagem na leitura que atrapalha a interpretação”, explicou. Além disso, elas buscaram envolver não só os alunos, mas também a comunidade do distrito. “O jornal tem dicas de saúde, dicas para os pais de como ajudar na tarefa de casa, é um jornal muito informativo”, contou a diretora. O mais importante do jornal é valorizar o esforço e dedicação dos alunos e promover a publicação de trabalhos escolares de outras turmas também. “As crianças vêem também que o que eles escrevem tem uma função social, outra pessoa vai ler e estar se informando”, afirmou.
De acordo com a professora, a matéria da onça estimulou o estudo de diversos conteúdos: as várias formas de informação, gêneros textuais, leitura, escrita e interpretação de texto. “A gente aproveitou até para estudar outro gênero textual, que é o texto de gênero científico, a gente estudou a espécie da onça”, contou Michelle. “Em uma notícia a gente conseguiu englobar vários conteúdos”, afirmou. A professora destacou que a realização do jornal é uma forma de que o texto produzido pelos alunos coletivamente seja lido e disseminado. “O texto tem que ter uma função, se ele não tem uma função, você não tem estímulo para escrever”, declarou Michelle.
O projeto foi tão bem recebido pelos alunos que terá continuidade. A produção do jornal foi estabelecida como uma atividade semestral e permanente no conteúdo a ser trabalhado com as turmas do 5° ano. O nome oficial será definido em um concurso após as férias escolares, que terminaram dia 25 de julho. De acordo com a diretora, a comissão que vai escolher o melhor nome entre as sugestões dos alunos deverá ser formada pela comunidade externa. O jornal está nos ajustes finais e em breve será distribuído no distrito.
Resultados
O conhecimento sobre a onça está na ponta da língua dos alunos. “Ela tem cores variadas”, disse Felipe Gabriel (10). “Tem a onça parda, vermelha”, completou. Ele acredita que a onça saiu de seu habitat natural e veio para a cidade por causa do desmatamento e gostou de participar da produção do jornal. “Achei bem interessante”, afirmou o aluno. Emily Cesário (10) compartilha da mesma opinião sobre o aparecimento da onça. “Eu acho que ela estava procurando comida, por isso saiu do seu habitat”, disse. A estudante afirmou que gostaria de fazer mais um jornal. “Quando nós fizemos eu gostei muito”, contou Emily. Keila Bispo (14) contou que o projeto foi interessante e fez com que ela entendesse melhor os prejuízos ao meio ambiente. Na opinião da aluna, a onça também perdeu seu habitat natural. “Ela precisava de um lugar para morar, ela só queria viver tranquila, porque onde ela morava tinha muito desmatamento”, afirmou.
Adrian Venzel (10) compartilhou uma história inusitada com uma onça. “Era de noite e todo mundo escutou o barulho de cachorro latindo”, disse o aluno. Pela manhã, eles notaram um cachorro da propriedade estava morto. Adrian acredita que o atacou foi uma onça. “Vimos a pata”, contou. Eliseu dos Santos (10) contou que um dia foi com seu irmão ao córrego brincar e viu alguma coisa andando no meio do mato. “Fomos ver e tinha pata de onça, nós vimos ela e saímos correndo. A gente estava chegando em casa e ela estava correndo atrás de nós”, disse Eliseu. O aluno disse que sentiu medo ao ser perseguido pela onça, que ainda atacou o cachorro da família. Para ele, a produção do jornal também foi positiva. “Foi muito legal, aprendemos bastante”, declarou.