Vou começar a coluna confessando uma ilegalidade. Me disseram pra assistir “Como Nossos Pais”, que era espetacular e estava no cinema, mas não ia rolar cinema a tempo de escrever…solução? Pirata. Ok, não é disso que vou escrever – um dia ainda falo sobre o que eu acho da pirataria audiovisual.
Eu não achei o filme assim…espetacular…mas achei que ele, em conjunto com outras produções brasileiras, merecia essa coluna. O filme é bom. Atuações sob medida – Maria Ribeiro espetacular – roteiro ótimo e produção impecável. E é justo a produção foda, e não só nesse filme, que o Brasil tem feito bonito, e ta na hora de olhar melhor pro nosso umbigo.
O Brasil não é uma referência de cinema, temos as melhores novelas, mas de cinema, necas… de vez em quando rola um Cidade de Deus pra ser a exceção da regra, mas em geral são draminhas superficiais ou comédias idiotas – alguém aí ainda aguenta o Hassum ganhar na loteria, perder tudo e correndo atrás de recuperar?
Só que de um tempo pra cá tenho visto a coisa melhorar. Como Nossos Pais mostra bem isso, é uma história que não é novidade, uma mulher beirando os quarenta descobre que seu pai não é quem pensou que fosse, e junto vem toda uma questão emocional e dramas familiares com que tem que lidar. Ou seja, é um “dramão” clássico, mas é tão bem feito que nem parece feito aqui, um roteiro fechado, atuações na medida e uma produção impecável – o que não é comum nesse cinema “médio” brasileiro – dão uma cara muito Hollywood para o filme.
Outros filmes brs como “O filme da minha vida”, “Soundtrack” e “Bingo” têm conseguido esse mesmo apelo comercial a acabam com retorno garantido, que faz com que possamos ter cada vez mais filmes assim. Como Nossos Pais tem seus erros e acertos, na balança é um filmaço, que não vai ser lembrando por gerações, mas é nosso com cara de Hollywood, e essa cara não é ruim gente, é de lá que vêm os melhores, então que venham mais.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade