O uso da Tribuna Livre por parte do professor Fábio Amorim, presidente do Conselho Municipal de Cultura, provocou debates polêmicos durante a sessão de segunda-feira (16) na Câmara de Vereadores de Rolândia. O professor falou sobre a exposição Queer Museu e sobre o movimento Queer – a exposição provocou polêmica no Brasil todo e recebeu uma moção de repúdio por parte dos vereadores Reginaldo Silva, Rodrigão, Alex Santana e Andrézinho da Farmácia. As palavras do presidente do Conselho foram acompanhadas por alguns artistas e defensores da arte e por cinco pastores: Satyrio Storbem, Celso Luiz Campos, Paulo Carneiro (todos do Cristianismo Decidido), Adilson Ribeiro (IPI) e Zaqueu Gomes (Batista).
Fábio iniciou a sua fala abordando a arte Queer, explicando-a didaticamente para quem não conhecia. “Uma arte provocadora”, afirmou. “A palavra Queer é uma maneira pejorativa de tratar o homossexual nos Eua na década de 1970, relacionando a patologias e a insultos de diversas naturezas”, ressaltou Fábio. Durante o uso da Tribuna, Fábio mostrou algumas fotos de peças expostas na polêmica “Queer Museu” e reafirmou que não havia pedofilia ou zoofilia na exposição, mas sim uma retratação de algumas cenas, inclusive do interior do Brasil. “No caso da tela com um animal e homens, a artista denunciava a prática”, alegou o presidente do Conselho. “Na obra em que se mistura uma figura de Jesus e Shiva (deus hindu), não há crítica a Jesus e nem a Shiva e sim ao capitalismo e ao consumismo”, esclareceu o professor. “Essa imagem tem 21 anos e nunca deu problema, por que agora deu? É importante analisar a situação atual em que nos encontramos para saber por que veio trazer problema depois de duas décadas”, alertou.
Logo após o discurso de Fábio, os vereadores Reginaldo Silva, Rodrigão, Alex Santana, Andrezinho da Farmácia e João Gaúcho fizeram questão de falar. Reginaldo reassumiu sua posição e disse que não foi convencido por nada dito por Fábio. Posição semelhante tiveram Alex Santana e Rodrigão. João Gaúcho citou a Constituição Brasileira para amparar sua argumentação. Por diversas vezes, alguns presentes falaram ao mesmo tempo que os vereadores, rebatendo-os ou comentando suas falas.
O presidente da Casa, Eugênio Serpeloni, lembrou que o microfone ficaria livre para que quatro pessoas se manifestassem sobre a polêmica. O primeiro a falar foi o pastor Satyrio Storbem: “O professor fez uma boa explicação, mas não sobre o que está em discussão. O que está na questão é a exposição de crianças a uma arte, eu creio que seja arte, mas pornográfica e que está se espalhando. Quero registrar meu descontentamento sobre o que está havendo no Brasil e nós precisamos começar a agir aqui”, enfatizou Satyrio.
A artista Bianka Als afirmou que a questão era sobre a homossexualidade sim. “O artista não tem mais palco, alugar um teatro é caro e só temos a rua. Agora querem tirar a rua do artista. Pornografia é o que muita gente tem no celular. Se a questão é o que as crianças podem ver hoje em dia: desliguem a suas televisões, os seus rádios e as tranquem dentro das casas. A pornografia está aí e a arte não é promíscua – o artista expõe e quem quiser apreciar, aprecie. Como podemos usar a arte para instalar mais paz e cada um se aceitar”, ressaltou a artista.
O pastor Adilson Ribeiro, da IPI, afirmou que a arte não tem direito de blasfemar de credos e de símbolos de fé. “Não entramos no tema com a profundidade que o assunto merece. (…) Está na hora de nos manifestar: católicos e evangélicos foram ultrajados em nossa crença e não podemos aceitar. (…) A arte deve ser algo criativo que colabore com a sociedade e respeite as diferenças. Não estamos tratando da homossexualidade, são valores humanos. Quando um pastor chutou a santa, muitos evangélicos se levantaram e disseram que não era aquele caminho, pois Jesus nos ensinou o respeito e o amor. (…) Temos uma responsabilidade de cuidar dos valores éticos e morais das crianças, independentemente de seu credo”, concluiu Adilson.
A quarta pessoa a usar o microfone foi o jovem Breno Giesen, que falou da generalização e fez uma simples pergunta: “Não seria o mesmo erro se falarmos que o pastor é estelionatário e o padre é pedófilo?”, questionou.
A palavra voltou para o professor Fábio, que ressaltou a autonomia da arte. “Nudez e pornografia são coisas diferentes”, lembrou o professor, remetendo às obras gregas de mais de 2 mil anos. “Vou terminar dizendo que a arte é autônoma e ela vai tocar no assunto que ela quiser, infelizmente, querendo ou não. Eu também fico ofendido com coisas relacionadas à arte, mas talvez aquela obra quisesse me ofender. Então estou entendendo-a se me senti ofendido”, concluiu Fábio Amorim.
A palavra voltou para o professor Fábio, que ressaltou a autonomia da arte. “Nudez e pornografia são coisas diferentes”, lembrou o professor, remetendo às obras gregas de mais de 2 mil anos. “Vou terminar dizendo que a arte é autônoma e ela vai tocar no assunto que ela quiser, infelizmente, querendo ou não. Eu também fico ofendido com coisas relacionadas à arte, mas talvez aquela obra quisesse me ofender. Então estou entendendo-a se me senti ofendido”, concluiu Fábio Amorim.