Atualmente no Brasil vem acontecendo um movimento cada vez maior em favor do parto normal. Estatísticas de acordo com a ONU (Organização Mundial da Saúde) de índices de mortalidade materno-infantil vêm sendo apresentadas junto com outras vantagens do parto normal para que este índice cresça no país, pois está muito longe do ideal.
Porém, devemos ter cuidado para que este movimento não tome proporções irreais e radicais e acabe extrapolando os limites do que é seguro e saudável.
Sem dúvidas o parto normal oferece inúmeras vantagens sobre a cesárea, como por exemplo, menor perda sanguínea para a mãe, descida do leite mais precoce, menor risco de trombose no pós-parto e maior liberdade para cuidar do bebê.
Em contrapartida, devemos considerar que a “era cesárea” reduziu absurdamente o índice de mortalidade neonatal, pois é inegável a maior segurança de que o feto vai nascer bem quando nasce através do parto cirúrgico.
O nosso país tem uma cultura “cesarista”, e esse processo de transição para a maior realização de partos normais será lento, tanto por parte das mulheres que passarão a procurar mais pelo parto normal, tanto pela estruturação do sistema de saúde para receber esta demanda, pois para se ter um bom desfecho é fundamental que o processo todo do trabalho de parto seja acompanhado por profissional qualificado.
Devemos tomar cuidado com informações muitas vezes perigosas e até equivocadas, encontradas na internet, sobre partos “naturais” incentivando a serem realizados em domicílio, acompanhados por uma Doula e uma Parteira. O papel da Doula é extremamente válido, pois prepara a mãe para todas as etapas que ela vai passar durante o trabalho de parto. Porém, um trabalho de parto é sempre uma caixinha de surpresas… a qualquer momento esse bebê pode por inúmeros fatores estacionar na sua descida e entrar em sofrimento. Fora do ambiente hospitalar não há recursos para que isso seja identificado. Quando o obstetra identifica o sofrimento fetal e indica tirar o bebê por cesariana, vira procedimento de urgência, e cada segundo é valioso para preservar a oxigenação do cérebro fetal. Se o parto está acontecendo fora do ambiente hospitalar, o tempo de transporte torna-se muito longo até o desfecho.
Entendemos que ainda existem muitos mitos e dúvidas a respeito do parto normal, como por exemplo o “corte”realizado no períneo, a recuperação da função sexual da vagina, entre outras. A vagina tem elasticidade suficiente para permitir a passagem do bebê e recuperar seu tônus.
Em relação à episiotomia (corte), muitas vezes é necessária para que o bebê consiga sair sem provocar lesões na mãe, principalmente próximo da uretra. Cada caso deve ser avaliado individualmente, pois o desfecho desejado é sempre o mesmo: mãe e filho seguros e saudáveis.