Neste sábado (27), será realizada a entrega oficial da obra do artista Jota Dias no muro lateral do Rolândia Country Club, na Rua Santos Dumont, às 10 da manhã. O evento é uma inauguração simbólica do mural que representa o desenvolvimento da cidade e sua rica história. A obra é uma parceria do artista com o Rolândia Country Clube e está no projeto Muros da Memória, apoiado pelo Fundo Municipal de Cultura de Rolândia. “O objetivo da obra é provocar o sentimento de pertencimento nos rolandenses e criar um momento de magia no dia-a-dia de quem transita pela rua”, explicou o artista.
QR Code
O artista José Dias também ressaltou que o Mural terá um QR Code, através do qual as pessoas poderão acessar um vídeo histórico da cidade. “Nesse vídeo, teremos imagens raras do início de Rolândia e também de festas de aniversários mais antigas”, revelou Dias. O QR Code será impresso e colado no muro, já que a pintura dele poderia dificultar sua leitura pelos celulares.
Entenda as referências
O projeto traz uma linha do tempo do desenvolvimento de Rolândia. O início do mural, em preto e branco, retrata a chegada dos pioneiros e a derrubada da mata em meados dos anos 30. Uma figura importante deste período era a Catita, responsável pelos transportes da região e o grande marco da primeira construção rolandense: o Hotel Rolândia. A ferrovia também é destaque no mural, por ter impulsionado a criação da cidade. “Nós temos depois os anos 50, 60 e 70, com o auge econômico do nosso município, que foi o período áureo do café, no qual Rolândia recebeu o título de Rainha do Café”, contou Dias. Nesta parte do mural, há referências a era do rádio, valorização da agricultura, industrialização e pavimentação.
A transição gradual para o mural colorido – em referência histórica a inserção das cores na televisão, cinema e fotografia – acontece no retrato deste período. “Parte do mural está em preto e branco e em outra parte ele começa a ter a fusão de cores porque aqui eu quis fazer uma brincadeira com as linguagens do audiovisual”, revelou o muralista. A chegada da estátua Roland, presente da cidade-irmã de Bremen (Alemanha), representa um grande marco na história do município e ocupa um espaço significativo no centro do mural. Na última parte da obra, estão representadas algumas das etnias que contribuíram para o desenvolvimento de Rolândia, como a japonesa, alemã, italiana e africana. A última figura, um rosto, é a combinação de todas essas etnias em uma nova geração, e o telefone representa a conexão com o mundo.
Muralismo
Há pouco mais de dez anos trabalhando em outros segmentos das artes visuais, Dias decidiu voltar ao muralismo. A ideia de produzir o mural começou há aproximadamente um ano, inspirado por uma obra feita há onze anos pelo muralista paulista Eduardo Cobra, em referência à cidade de São Paulo dos anos 20. Ele apresentou a ideia para a direção do clube, que aceitou a proposta e apoiou seu trabalho. As condições climáticas e outros compromissos do artista fizeram com que a execução levasse cerca de um ano, mas tudo isso culminou em uma feliz coincidência: a obra foi finalizada na semana do aniversário de Rolândia. “Ela se torna um presente meu como artista e também do clube”, afirmou.
Dias revelou porque optou por realizar a pintura em mural e não em tela. Para ele, o muro representa a separação e segregação, um elemento que serve de proteção de patrimônio. “Eu posso usar deste suporte e dar um novo significado para ele através da pintura”, explicou. “Eu acho interessante usar esse espaço urbano, o muro, para discursar algo que pertence a todos nós, que é a nossa história”, acrescentou.