Desde janeiro de 2018, uma nova diretoria assumiu o Hospital São Rafael de Rolândia com a missão de dar continuidade à intervenção e averiguar a situação financeira e administrativa da instituição. Paulo Boçoes de Oliveira, diretor administrativo, adiantou os primeiros detalhes do que já foi verificado até o momento. “A gente ainda não tem o panorama real do que está sendo feito, só algumas coisas”, destacou. Ainda não é possível saber o valor da dívida global do HSR e divulgar demais informações do hospital, mas o diretor já alerta que a situação não é muito favorável. “Nós estamos muito longe de atingir o que eu entendo que possa ser uma saúde financeira saudável”, avaliou.
A princípio, a previsão era que a prestação de contas da situação do hospital seria entregue à prefeitura e à comunidade em março. No entanto, por depender de levantamento de documentos antigos de outras diretorias, o processo acabou atrasando. “Não tinha balanço desde 2015, nós estamos fazendo em tempo recorde, com sessenta dias para fechar esses números”, explicou Paulo. Nas próximas semanas, serão entregues os balanços de 2015 e 2016. Então a prestação de contas vai ficar para abril”, afirmou.
O projeto de administração do diretor tem três frentes. “A primeira é zerar o déficit corrente, aquilo que acontece na operação do hospital no seu dia-a-dia”, afirmou. “O segundo é a questão do passivo, existe uma história com fornecedores passados que a gente também vai precisar entrar em acordo”, prosseguiu Paulo. O terceiro ponto diz respeito aos investimentos. “O hospital precisa de investimentos para a gente poder crescer”, declarou. “A comunidade precisa ajudar o hospital porque independente de certas coisas, um hospital que atende 95% do SUS não vai ser viável, a gente precisa complementar receita”, acrescentou o diretor. O hospital não está com todas as certidões em dia para poder receber emendas parlamentares, mas Paulo assegurou que as medidas para que essa situação se normalize já estão sendo tomadas. O título de filantropia do HSR continua até dezembro de 2019.
O diretor administrativo planeja facilitar o acesso das informações financeiras por meio de seu site, visto que o hospital é sustentado por dinheiro público. “Aqui é um hospital filantrópico e a obrigatoriedade dele é até dia 30 de abril, publicar seus balanços anualmente”, ressaltou. “Como a gente não tem balanço desde 2014, já estamos ferindo estes princípios”, acrescentou Paulo. Ele ainda destacou que é importante a ajuda da população. “Quando tivermos tudo isso auditado, com os projetos andando, vamos precisar que toda a comunidade, não só de Rolândia, mas das cidades adjacentes, abracem o hospital para que possamos sair desta situação”, afirmou.
Problemas – Segundo Paulo, atualmente o hospital tem R$ 260 mil bloqueados judicialmente, valor que seria para comprar materiais e equipamentos. “Estamos tentando achar uma forma de desbloquear, até mesmo porque o recurso é específico para isso”, garantiu o diretor administrativo. Ainda não se sabe se o recurso que vier no próximo mês também será bloqueado. “Foram dois processos que bloquearam esse recurso: um de uma antiga tomografia que tinha aqui e a antiga administração não entregou o aparelho e o fornecedor executou, em torno de quase R$ 200 mil. A outra é a compra de material e medicamentos de uma empresa do Pará que dá em torno de R$ 150 mil”, explicou Paulo.
Uma constatação alarmante do levantamento no HSR é a dívida com a Copel, que beira R$ 1 milhão. “A Copel está nos executando, então vamos ter que pensar no déficit por mês, corrigir isso e mais: pensar em uma quantidade para acertar o que o hospital está devendo, como a Copel, a Sanepar, tributos que não recolhem, temos que pensar na estrutura como um todo”, destacou o diretor.
A população tem a possibilidade de ajudar o hospital através da Nota Paraná. Em média, a arrecadação do hospital por meio dela é de R$ 200. “Lembrando que as compras do hospital, quando você tem esse crédito, também reverte para o próprio hospital”, disse Paulo. A campanha, que ainda se sistematizando, está sendo divulgada aos poucos, ainda mais porque o recurso advindo da Nota Paraná foi bloqueado porque o HSR entrou no Cadin (Cadastro Informativo Estadual das pendências perante órgãos e entidades da administração pública direta), devido à dívida da Copel. “Hoje tem em torno de R$ 3 mil bloqueados da nota fiscal”, revelou o diretor.