A violĂȘncia contra a mulher, em qualquer espĂ©cie, ainda Ă© muito comum na sociedade. Em RolĂąndia, nĂŁo Ă© diferente. De acordo com o delegado da 29ÂȘ Delegacia de PolĂcia Civil de RolĂąndia, Bruno Rocha, sĂŁo mais de 30 casos de violĂȘncia contra a mulher registrados por mĂȘs – o que daria cerca de 400 casos por ano (esses nĂșmeros sĂŁo uma ponta do iceberg, jĂĄ que a maioria das mulheres que sofrem violĂȘncia nĂŁo denunciam tal prĂĄtica). Estruturas como uma Delegacia Especializada da Mulher e um centro de apoio e acolhimento sĂŁo sonhos distantes. Rocha explicou que a delegacia Ă© inviĂĄvel para a cidade, mas destacou que RolĂąndia conta com um atendimento diferenciado Ă s mulheres, ainda que nĂŁo seja em outro local. âRolĂąndia jĂĄ estĂĄ na frente da maioria dos municĂpios do estado porque temos oficialmente um setor de atendimento especializado Ă mulherâ, ressaltou.
O delegado Bruno Rocha explicou como acontece o atendimento deste setor, que fica isolado dos demais. âĂ uma sala reservada, do jeito que deve ser esse setor e o atendimento Ă© diferenciadoâ, afirmou. As mulheres sĂŁo atendidas apenas por investigadoras e escrivĂŁs. âSempre que a mulher Ă© vĂtima ela deve ter esse tratamento diferenciadoâ, destacou.
No entanto, por conta de outras demandas da delegacia e da falta de efetivo, elas acabam tendo que adiar o acompanhamento Ă vĂtima que deseja retirar seus pertences da residĂȘncia e se afastar do agressor, por exemplo. Rocha afirmou que a prefeitura jĂĄ prometeu que irĂĄ ceder uma funcionĂĄria que atenda exclusivamente Ă mulher na delegacia. âAli ela jĂĄ poderĂĄ fazer o Boletim de OcorrĂȘncia, solicitação de medida protetiva, dar seu depoimento e ter esse apoio emergencialâ, explicou o delegado.
Luzes no fim do tĂșnel
Neste mĂȘs de março, o Executivo reativou a secretaria municipal da Mulher e da FamĂlia. Na opiniĂŁo do delegado Bruno Rocha, a reativação Ă© fundamental no suporte psicolĂłgico e social, formando com outras secretarias uma rede integrada de proteção e apoio a vĂtima de violĂȘncia. âA nossa busca sĂŁo essas parcerias para ter os atendimentos colaterais em relação a essas vĂtimasâ, destacou.
A advogada Iris Soraia InĂȘz, que atuou entre 2009 e 2012 na Defensoria PĂșblica atendendo centenas de casos de violĂȘncia contra a mulher, compartilha da mesma visĂŁo do delegado sobre a integração, que nĂŁo terĂĄ custo Ă prefeitura. âĂ sĂł criar um plano de enfrentamento Ă violĂȘncia e apoio com os funcionĂĄrios que jĂĄ estĂŁo lĂĄâ, sugeriu.
Soraia relatou que, naquela Ă©poca, essa rede de apoio integrada envolvia as secretarias da Mulher, SaĂșde e AssistĂȘncia Social. âA gente criava toda uma estratĂ©gia para essa mulherâ, contou. Sempre que algum servidor notava casos de violĂȘncia, entrava em contato com as demais ĂĄreas para dar orientação psicolĂłgica, jurĂdica e social a mulher. âĂamos com ela na delegacia registrar o BO, pedĂamos medida protetiva, pedĂamos o divĂłrcio ou dissolução da uniĂŁo estĂĄvel com o afastamento do homem da casa, era um trabalho bacana de apoioâ, afirmou. A secretaria da Mulher tambĂ©m oferecia cursos profissionalizantes para ajudar na independĂȘncia financeira do agressor. A advogada considera que o setor de atendimento especializado a mulher na secretaria nĂŁo Ă© suficiente. âAinda Ă© necessĂĄrio que a delegacia da mulher seja completamente estruturadaâ, avaliou. Para ela, a realização de palestras tambĂ©m Ă© importante no combate Ă violĂȘncia contra a mulher.
A secretaria da Mulher e FamĂlia jĂĄ começou dar os primeiros passos. Na terça (20), a secretĂĄria Adriana Palmieri e a diretora AngĂ©lica Chiaratti estiveram na UniFil, em Londrina, buscando parcerias para programar açÔes no Plano de Ação de PolĂticas PĂșblicas Intersetoriais para as mulheres de RolĂąndia. O projeto proposto consiste em vĂĄrias frentes de atuação para promoção de açÔes que visam o empoderamento, a equidade e a qualidade de vida das famĂlias. As coisas começam a caminhar, mas as mulheres ainda tĂȘm pouco a comemorar em seu mĂȘs.