Nome que dita a vida

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    O nome e o ofício se confundem na vida de Alcides Melero, 83 anos, meleiro há mais de 30 anos – ele é proprietário do mel Europa. O apicultor, que foi professor, esteve na reunião do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) para falar um pouco sobre as abelhas, paixão de sua vida. O encontro, como sempre realizado na 3ª terça-feira do mês, aconteceu no centro cultural Nanuk no dia 20 de março e teve como tema a rica “Colcha de Retalhos” de Rolândia, formada por seus vários retalhos de turismo e cultura: estiveram no encontro, ainda, seu Noel José de Moura (literatura de cordel) e as irmãs Marilena De Sousa Pimenta e Josefa Pimenta de Souza (artesanato).

    “Vamos falar das abelhas, de nossas amiguinhas trabalhadeiras e trabalhadoras?”. Assim o apicultor Alcides Melero iniciou a sua prosa com os participantes do Conselho de Turismo. Melero lembrou que pouca gente conhece o trabalho desses insetos maravilhosos e que só pensam no mel, quando se fala em abelhas. “O mel é o último produto da abelha. Eu me dedico só à extração do mel, mas podemos falar de outros produtos das abelhas como, por exemplo, a geleia real, tão preciosa”, afirmou Melero. “Uma abelha vive, em média, 45 dias – 20 dentro da colmeia e 25 como operária. Já a Rainha, alimentada com a geleia, chega a 5 anos e meio. Aí você vê como é preciosa a essa geleia”, ensinou o apicultor.

    O pólen também pode ser produzido para ser comercializado pelos apicultores. “Outro produto fácil de se recolher do trabalho das abelhas é o própolis, outra preciosidade”, ressaltou Melero. O apicultor também falou sobre o veneno da abelha e de quanto esse líquido é valioso para a indústria farmacêutico. “Se eu recolhesse esse veneno, estaria rico, pois uma grama do veneno vale de quatro a cinco vez mais do que uma grama de ouro”, afirmou. Melero enfatizou que não é preciso a morte da abelha para se extrair o veneno, já que quando elas picam qualquer animal parte de seu intestino se desprende, condenando o inseto. “Os coletores de veneno colocam uma chapa de ferro com pulsos elétricos e as abelhas ferroam esse objeto, mas como o ferrão não entra, apenas o veneno é expelido. Depois, os apicultores raspam esse líquido”, afirmou.

    Rolândia não chega a ter 1000 colmeias, de acordo com o apicultor. “Não acredito que cheguemos a mil caixas aqui”, revelou. Sobre a produção do mel, Melero afirmou que cada colmeia produz cerca de 30 quilos de mel por ano (aproximadamente 23 litros do líquido). “Mas temos condições de produzir 50, 60 quilos por colmeia”, afirmou o apicultor, que tem cerca de 120 caixas/colmeias na região de Rolândia, espalhadas por várias locais na zona rural. A florada das laranjeiras, por exemplo, determina o mel com fragrância de laranja. “A florada das laranjeiras é geralmente em julho ou agosto. Um mês depois da florada, já temos o mel de laranjeira”, ensinou. O apicultor lembrou de uma colmeia que chegou a dar 90 quilos de mel no ano, quando repartiu a caixa. “De uma colmeia, podemos fazer duas. Fiz a outra com uma Rainha nova e ia todo mês buscar mel nessa nova colmeia. Isso durante 9 meses. Tudo isso por causa de uma rainha e eu poderia fazer isso toda vez. Com rainhas novas, podemos colher até 100 quilos em cada colmeia”, explicou.

    Como não é alérgico, Melero não tem problemas com picadas de abelha. “Uma vez, quando comecei a trabalhar com abelhas, dois enxames foram até o antigo lixão perto do Contorno Norte. Fui até lá e elas tinham entrado em um pneu de caminhão. Espalhei fumaça (não se mexe em abelha sem fumaça), ergui o pneu e escorei com um pau. Aí comecei a recolher os favos de filhotes e os favos de mel, tudo sem luva. De repente, bati o ombro na escora e instintivamente segurei o pneu com a mão, apertando as abelhas, que me picavam. Sem tirar a mão, peguei o pau e escorei novamente o pneu”, relembra. Melero olhou a mão e estava totalmente cheia de ferrões. “Aí, nunca esprema para sair o ferrão, pegue uma faca e raspe. Foi o que fiz e é o que se deve fazer quando se leva uma picada de abelha”, ensinou.

    O mel não é o principal produto das abelhas, mas sim a transmissão e o transporte do pólen, levando de uma árvore para outra, para que possa acontecer a fecundação. “O principal produto desses insetos maravilhosos é a vida, que ela leva de uma planta para outra para o bem da humanidade e da natureza”, finalizou Alcides Melero, ou melhor, Meleiro.

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