No último dia 18 de março, faleceu em Rolândia, aos 88 anos, a conhecida parteira Henriqueta Cotting Lali. A enfermeira trabalhou por décadas nos hospitais São Judas, São Paulo e São Lucas, além de atender gestantes de carroça ou cavalo para ajudar nos partos na zona rural. Henriqueta deixa o esposo Lincoln (92 anos), três filhos, quatro netos, uma bisneta, além de um importante legado para a cidade de Rolândia. Os familiares da dona Henriqueta Lali vêm a público agradecer as manifestações de carinho e pesar recebidos pela passagem de seu falecimento.
Cidadã Honorária
Dona Henriqueta recebeu o título de cidadã honorária em 2004 por ter exercido, durante muitos anos, em Rolândia e região, o ofício de parteira e enfermeira, trazendo ao mundo milhares de crianças. O título só foi entregue em 2005, pelas mãos do prefeito Eurides Moura e de José Danilson de Oliveira, presidente da Câmara de Vereadores.
A vida
Henriqueta Cotting Lali nasceu no dia 16 de novembro de 1930, no bairro Jabaquara, em São Paulo, filha de Nikolaus Cotting, imigrante suíço e Guilhermina Schurmann, imigrante alemã. Sua família veio para Rolândia no ano de 1942. Alguns anos depois, se casou com Lincoln Lali e teve três filhos: Ademir, Lincoln e Zuleide. Ela começou a trabalhar em 1952 com o Dr. Xenofonte Villanueva – que foi homenageado com a cidadania honorária na mesma ocasião em que ela – no Hospital e Maternidade São Paulo.
Em 1957, transferiu-se para a Casa de Saúde de Rolândia e, pouco tempo depois, passou a trabalhar no consultório do Dr. Luis Carlos Pedroso, onde ficou até 1965. Durante onze anos consecutivos, atuou como enfermeira autônoma em Rolândia e região, promovendo assistência aos partos. Ela passou a trabalhar no Hospital São Judas Tadeu em 1972 e lá permaneceu por 20 anos, até retornar ao Hospital São Paulo.
Henriqueta especializou-se em assistência a profissionais de obstetrícia e, por isso, atuou em inúmeras cesarianas, partos de gêmeos e até trigêmeos. Em muitos casos, quando o bebê nascia com língua presa ou dedos a mais nas mãos, ela fazia o papel de cirurgiã, desprendendo a língua e extraindo o dedo.
Sempre apaixonada pela profissão, enfrentava longas distâncias de carroça, além de sol escaldante e forte chuva para prestar assistência nos partos pela região. O trabalho não tinha grande retorno financeiro. Como a parteira, revelou em uma entrevista no ano de 2006, muitas vezes ganhava das famílias frangos caipiras, ovos, verduras. Na época, recursos hospitalares e profissionais eram escassos, mas a força de vontade e amor ao ofício sempre foram maiores na vida de Henriqueta, cujo legado sempre fará parte da história de Rolândia.