Os alunos de 6º, 7º e 9º ano do Colégio Estadual José Alexandre Chiarelli, de Rolândia, se envolveram em um grande projeto com a professora de Ciências, Egláia de Carvalho (33). Os estudantes aprenderam sobre a germinação de sementes no laboratório, montaram uma horta, trabalharam resgate histórico da cidade e plantaram mais de cem árvores no colégio.
A proposta surgiu no início de 2018, quando, durante conversas, Egláia e outros professores notaram que os alunos tinham pouco senso de pertencimento com a cidade e eram muito imediatistas e isolados, características fortes dessa nova geração. “Primeiro veio a horta, para ensiná-los a mexer com a terra e esperar, porque a recompensa não vem de imediato, você tem que trabalhar por aquilo que você quer para que os resultados venham, sempre relacionados aos conteúdos”, explicou.
Através de uma rifa no Dia das Mães, eles conseguiram recursos para começar a colocar a horta em prática. O canteiro foi feito com bambu, cedido pela Fazenda Bimini. “Os alunos viram todo o processo de germinação das plantinhas e eram responsáveis por aguar e, depois, plantar”, revelou a professora.
O projeto casou com o conteúdo de Ciências do 6º ano, que estuda ecologia, e para os alunos do 9º ano, que já começam a aprender sobre Física e Química, relacionando com os ciclos biogeoquímicos, decomposição e recomposição da matéria. “Usamos adubo feito com nitrogênio, fósforo e potássio, elementos que eles aprenderam na tabela periódica”, acrescentou. Os alunos já colheram beterrabas, alfaces, cebolinhas orgânicas e muito mais será colhido nos próximos dias. A intenção é que a produção seja aproveitada na merenda.
Depois, a professora trabalhou com o resgate histórico pela leitura do livro da Matilde Mayer, ‘Jardins da minha vida’. A alemã refugiada da guerra, que viveu em Rolândia, conta sobre a colonização da cidade em sua obra. As histórias dela foram recordadas pelo educador ambiental Daniel Steidle e pelos alunos em visita à Fazenda Bimini. “As árvores que ela descrevia no livro iam sendo mostradas pelo Daniel dentro da fazenda”, relembrou Egláia.
Os alunos ainda comentaram que sentiram falta de mais árvores na escola. A professora então procurou o Viveiro Municipal e não encontrou as árvores que eles queriam, citadas no livro de Matilde. “Eu fiz um licenciamento ambiental e consegui no Viveiro de Ibiporã. Foram 134 mudas de árvore para plantar na escola”, relatou. Ela contou com a ajuda de outras duas professoras no plantio: Bruna Karla Rossaneis e Adriana Lígia Miskalo. “Na entrada dos alunos, colocamos ipê roxo e amarelo, para ficar bem bonito, perto da biblioteca plantamos caroba e jacarandá e fizemos um pomar somente com árvores frutíferas da região, então tem ingá, amora, cerejeira do mato, pitanga, jabuticaba. O resto das árvores, plantamos em volta da escola”, contou.
A professora destacou que o projeto está atingindo seu objetivo de fazer com que os alunos se sintam como parte da história de Rolândia e se apropriem do seu espaço. “O que eles estão aprendendo não é conteúdo que vão usar somente para uma prova, é algo para a vida”, afirmou. Egláia ainda demonstrou muita satisfação com o sucesso das atividades e orgulho pelo comprometimento dos alunos. “Jamais esperávamos que eles fossem adotar tanto o projeto”, revelou a professora. “Quando os alunos têm aula de Ciências, eles têm escala para sair: saem de três em três com os regadores para regar as árvores”, disse. A empolgação ainda fez com que ela e as outras professoras comprassem um pau-brasil, que foi plantado no meio da escola, somando-se as demais árvores que deixaram uma marca do projeto na escola.