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EFERVESCÊNCIA CULTURAL EM ROLÂNDIA

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    Neste mês, Rolândia contou com muitas atrações artísticas, algo como há muito a cidade não vivenciava. Nos dias 08/11 e 09/11, no Centro Cultural Nanuk, pudemos acompanhar o espetáculo “As gravações de um homem apaixonado”, de Willyam Real de Farias. O monólogo trata da luta de um homem contra seu medo de se declarar a sua amada. Para vencer este medo, ele segue o conselho de uma amiga e grava seus essa declaração sobre seus sentimentos. Porém, essa gravação cai em mãos erradas, causando grandes constrangimentos.

    O monólogo tem um estilo tradicional de se fazer teatro, focando principalmente no texto, atuação mais focada na voz que na ação corporal e figurino e cenário realistas. Dentro deste modelo tradicional um texto que nos desafia a sair da zona de conforto para superarmos a falta de empatia do mundo atual. Pouco mais de 100 pessoas acompanharam a peça nos dois dias.

    Na sexta feira (09/11) também tivemos a, já habitual, Batalha da Independência. Evento que reúne diversos MC’s e centenas de espectadores da região, movimentando a cidade quinzenalmente. A Batalha mostra que o Movimento Hip Hop da cidade de Rolândia continua vivo. No palco da praça Castelo Branco os MC’s improvisam e são avaliados pelo ritmo, flow e também pelo conhecimento.

    Em 1997, com o CD “Sobrevivendo no Inferno”, o grupo Racionais MC’s deu visibilidade às periferias do país, levando suas músicas de protesto aos grandes centros da capital paulista, mostrando através de suas letras o descaso do poder público com as periferias. A partir deste momento, a periferia ganha voz e o movimento Hip Hop brasileiro é alavancado ao sucesso, sendo hoje considerado o 3º país mais importante para a cultura Hip Hop, atrás apenas de EUA e França. Em Rolândia, o maior movimento sociopolítico do século, se mostra um importante formador de opinião, formador de público e peça vital na resistência contra as injustiças sociais e a desinformação.
    No domingo (11/11) tivemos na Igreja Luterana a apresentação do grupo Teatrando, com o espetáculo “Os músicos de Bremen”. A adaptação do clássico infantil, eternizado pelos Irmãos Grimm, conta a história de um burro, um galo, um cachorro e uma gata que, ao envelhecerem, são abandonados por seus donos e se juntam para formarem uma banda, buscando dar a volta por cima. Chegando na cidade de Bremen, esse grupo atrapalhado, se supera para salvar o pinguim detetive das garras de dois bandidos que roubaram a estátua do herói da cidade: Roland.

    A peça com a direção de Douglas Mesquita, que aceitou o desafio de ensaiar um grupo de mulheres, não atrizes, para presentear a cidade de Rolândia com uma história muito atual, denunciando o poder destrutivo do ódio e do abandono, além de mostrar a força da união das pessoas em prol de uma causa comum.

    Tivemos ainda a apresentação da Orquestra da ACREBI (14/11), as feiras das Nações e de Ciências do colégio Alexandre Chiarelli (12/11) e uma apresentação de Break Dance no colégio Padre José Herions (14/11).

    Todas estas manifestações artísticas foram de caráter independente, ou seja, não contaram com a iniciativa do poder público.

    Em um momento de polarização política, em que o discurso de ódio tem ganhado cada vez mais terreno, a arte mostra mais claramente sua função social. E essas manifestações independentes serão cada vez mais recorrentes, não só em nossa cidade, mas em todo o país.

    O cineasta brasileiro Peter Baiestorf defende que toda arte deve ser política. O poeta e dramaturgo Bertold Brecht defende que toda arte é um ato político. O filósofo Aristóteles disse que o homem é um animal político. Portanto, em um momento em que a política tanto divide, a arte surge para unir, denunciar os descasos e espalhar a humanidade. Em um momento que muito se fala em resistência, a arte vai mostrar que nunca deixou de resistir. Afinal, nenhum movimento político partidário, jamais irá investir e valorizar qualquer ação capaz de desenvolver senso crítico na população.


Fabio Amorim
Presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Rolândia

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