O mecânico rolandense Tiago Fadel (39) será, pelo segundo ano, o único brasileiro na Fórmula 1, entre pilotos e profissionais do Circo. Seu sonho de infância era crescer no automobilismo – ele conseguiu, mas não da maneira que esperava. “Infelizmente não pude fazer minha carreira de piloto, porque, como todo mundo sabe, aqui não era como São Paulo e outros estados, onde era cultivado o automobilismo. Nasci aqui e vinha aqui quando era criança com meu pai correr nessa pista [do kartódromo de Rolândia] e graças a Deus consegui chegar ao lugar que sempre sonhei”, ressaltou.
O rolandense ficou por um mês em Rolândia na casa da namorada, a advogada Larisse Gabriele Rocco, de 23 anos. Tiago foi convidado por Marcelo Faciao, presidente do KCC (Kart Clube do Café), para correr de kart no kartódromo José Nicola Caliento, de Rolândia. Ele usou o kart emprestado por Rubens Gatti, presidente da Federação Paranaense de Automobilismo (FPrA), e falou com a reportagem do JR logo depois de dar umas voltas pela pista.
Tiago é o mecânico técnico em fibra de carbono. “Tudo aquilo que vai no carro, como a asas, assoalho, carroceria, tudo aquilo que você vê é em fibra de carbono. Cuido de tudo isso”, explicou. “Mas, dentro do box, quando o carro está para sair pra pista, sou a roda esquerda dianteira”, contou Tiago. No pit stop, ele trabalha com mais 21 mecânicos. “Precisamos de três pessoas por roda. Um desparafusa a roda, outro tira a roda, outro põe a roda e o mesmo que desparafusou, a parafusa novamente”, revelou o mecânico. “As trocas de pneus são feitas em 1.8 segundos”, acrescentou Tiago. Ele também faz a retirada do “bico” do carro, da asa dianteira, quando acontecem pequenos acidentes.
Em 2018, Tiago esteve com o carro do piloto Charles Leclerc, que neste ano corre pela Ferrari, além de já ter trabalhado com os carros de Pascal Wehrlein (2016) e do brasileiro Felipe Nasr (2015) – todos pela equipe Sauber, na qual Tiago deseja permanecer até o fim da carreira. Em 2019, assume o carro de Antonio Giovinazzi. O mecânico começa o ano participando dos testes dos carros em fevereiro, em Barcelona, na Espanha, e em seguida preparar os carros para a primeira corrida, em março. Serão 21 corridas em 21 países neste ano.
Nas corridas, Tiago aparece na TV usando capacete. Para vê-lo sem capacete, o mecânico recomenda que os rolandenses assistam os treinos, que acontecem nas sextas e sábados que antecedem a corrida. “Para saberem como eu fico posicionado, é só ver quando a câmera fica posicionada de frente para o carro, eu sou a asa direita, mas como a câmera é inversa, estarei no lado esquerdo do bico do carro. Caso esse bico quebre e o carro tenha que parar e estivermos na transmissão ao vivo, serei a pessoa que vai retirar o bico”, lembrou.
O ano que terminou foi avaliado para o mecânico como muito bom para a equipe Sauber. “Foi um ano em que saímos do último lugar e conseguimos chegar em sétimo no campeonato. Fizemos 42 pontos e tivemos um piloto em destaque, Charles Leclerc”, detalhou. Leclerc acabou sendo contratado pela Ferrari – uma das maiores da F1. “Sendo mecânico do carro dele, foi muito prazeroso. Tivemos um ano bom, de muitas vitórias”, apontou.
Tiago relembrou as décadas anteriores no kartódromo rolandense, que até mesmo recebeu Ayrton Senna antes de se tornar um consagrado piloto brasileiro na Fórmula 1. O mecânico ainda cobrou que a pista deveria receber mais atenção do poder público. “Essa pista poderia estar um pouco melhor se os governantes tivessem mais dedicados a isso”, pontuouTiago Fadel, que voltou para a Suíça na segunda-feira (14).