“Sou natural do Rio Grande do Sul, de uma cidade chamada Veranópolis, moro aqui em Rolândia há 15 anos e sou motorista profissional. Meu último emprego foi nos Correios. Fiquei oito meses em situação de rua por causa de um problema em meu casamento. Tive depressão e depois veio o alcoolismo, sempre pensava que eu iria morrer, não conseguia trabalhar mais. Abandonei meu emprego, acabou o dinheiro e fiquei em situação de rua.
Eu queria sair da rua, era meu sonho, não aguentava mais. Dava pra ver que as pessoas sentiam dó, mas ajuda era difícil. Geralmente só me davam uns trocados, esmolas. Eu bebia geralmente na parte da noite, quando eu lembrava que tinha uma casa; via as pessoas indo pra casa depois do trabalho e eu não tinha onde dormir. Eu chorava, a depressão vinha e eu bebia álcool até para diminuir a fome e o frio.
Algumas pessoas passavam por mim e diziam: Jesus te ama! E eu comecei a acordar. Uma moça me deu uma Bíblia, eu dormi ao lado da IPI por um mês e meio, era onde eu me sentia mais seguro. Uma vez ganhei um dinheiro porque carpi uma data e pensei em alugar um quartinho, mas fui roubado, tinha um tênis bom e até um celular, mas me levaram.
Faz poucos dias, um casal passou por mim, parou moto e perguntou se eu estava morando na rua, com fome. Perguntaram se eu queria sair da rua e eu disse: é o que eu mais quero, faz mais de um mês e meio que estou pedindo isso para Deus e orando todo dia. Eles disseram que conheciam um projeto que estava começando. Fui até a casa deles, tomei banho, fiz a barba, coloquei uma roupa limpa, me deram uma marmita e me trouxeram para cá. Agora meu objetivo é trabalhar. Vou ter que renovar a carteira. Com o exame toxicológico, vai dar em torno de R$ 580. Mas sei que vou conseguir, em nome de Jesus. O importante é arrumar um emprego e voltar para a sociedade. Dou graças a Deus por essa casa aqui”.