Série: O Direito de Ser Mulher

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    Quando descobri o câncer já pensei: meu Deus, o meu cabelo vai cair. Mas logo quando vocĂŞ chega no hospital, eles já te acolhem. O Hospital do Câncer tem um projeto para pacientes. Eles dĂŁo uma bolsinha com todos os itens de maquiagem e fazem um curso de auto maquiagem. Lá vocĂŞ aprende a pintar a sobrancelha, passar base, fazer os cĂ­lios… Quando a sobrancelha cai, eles dĂŁo a sobrancelha fio a fio, peruca para quem quer usar, apliques, lenço. Tudo isso ajuda. 

    Foi no ano passado que descobri o câncer. Colhi um preventivo pelo posto e deu uma alteração pequena com sintomas que eu já tinha há muito tempo. O mĂ©dico pediu que eu esperasse um ano e nesse tempo, por conta prĂłpria, resolvi repetir e demorou pra sair o resultado. Fiz pelo particular e deu câncer escamoso invasivo. Depois fui no posto e meu resultado tinha chegado. Para minha surpresa, nĂŁo tinha dado nada. No laboratĂłrio, me disseram que a enfermeira deve ter colhido superficialmente. Fiquei grata a Deus porque descobri a tempo. Em agosto do ano passado fiz a cirurgia que retirou totalmente o tumor, o colo do Ăştero, Ăştero, trompas e ovário. 

    Descobri o lĂşpus há mais ou menos 18 anos e venho fazendo o tratamento Ă  base de corticĂłides. Com isso, engordei mais de 20 quilos e perdi parte do cabelo e sobrancelha porque tive que fazer quimioterapia. Pelos remĂ©dios que tomo, tenho queda de cabelo e falhas na sobrancelha. O que eu faço Ă© puxar o cabelo para trás para nĂŁo dar pra perceber, coloco cĂ­lios postiços, pinto a sobrancelha e mesmo que a autoestima mexa com a gente, nĂłs mesmas temos que levantá-la. Consigo trabalhar isso a meu favor. 

    Eu me acho mais bonita hoje do que a 10, 20 anos atrás. Mesmo e sendo gordinha, nĂŁo sou o padrĂŁo de beleza, me vejo bem. Me acho bonita e isso vem de dentro. Gosto de postar fotos e nĂŁo Ă© porque me acho, Ă© porque me faz bem, quando as pessoas me elogiam faz bem tambĂ©m.

    Gosto de passar força, atĂ© pelas mensagens do Facebook, para as pessoas verem que tem um jeito. Basta vocĂŞ olhar, porque tem um lado que Ă© ruim, mas tem muitas outras coisas boas. Vejo tudo como uma lição. O câncer veio para somar na minha vida em várias áreas. NĂŁo me vejo como a coitadinha que tem câncer, sou uma pessoa normal, faço o que todo mundo faz. 

    O suporte vem da gente mesmo, porque se vocĂŞ nĂŁo lutar por vocĂŞ, outra pessoa nĂŁo vai. Eu falava que se Deus me deu isso, Ă© porque eu sou capaz de passar por tudo isso. Tinha dias que eu chorava, nĂŁo vou mentir, mas depois eu engolia o choro e falava a mim mesma para lutar. Sou casada e tenho duas filhas, a Lorena de 18 anos e a Amanda com 14. Minha famĂ­lia Ă© muito unida, sempre me ajudou em tudo, eles tĂŞm um papel muito importante. 

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