A família Nunes dos Santos, formada por Antonio Nunes dos Santos (56 anos), Marta Regina Nunes dos Santos (54), Mateus Nunes dos Santos (24) e Julia Nunes dos Santos (22), produz uma grande variedade de frutas legumes e verduras em que não são usados defensivos agrícolas. No cardápio da família Nunes estão alface, chicória, repolho, couve, salsinha, cebolinha, cenoura, beterraba, abacate, manga e café.
O principal destino da produção da família são os colégios e CMEIs de Rolândia. Cerca de 17 instituições preparam a alimentação com as culturas dos Nunes dos Santos. “Faz 13 anos que entregamos hortaliças para as escolas pela agricultura familiar e nunca colocamos agrotóxicos”, contou Marta. As entregas são todas as terças, para que os alunos tenham sempre alimentos fresquinhos e sem agrotóxicos na merenda da criançada.
Além da gratificação financeira pelos cultivos, a família também se sente recompensada de alimentar bem as crianças do município. “Ficamos contentes de ver os pequenininhos na creche comendo coisas saudáveis. A nossa consciência fica tranquila, porque o que nossos filhos comem, os outros estão comendo”, afirmou Marta. “As cozinheiras sempre nos falam quando entregamos que nossas verduras são muito bonitas. Falamos para elas que é sem agrotóxicos para que elas entendam o diferencial”, acrescentou Antonio.
Os produtores estão pleiteando o selo de orgânicos com as orientações da Emater. “Eles nos pedem para fazer uma barreira com cerca viva e estamos fazendo”, explicou Antonio. Uma parte do total de 300m de barreira já está pronta, protegendo a horta. “Faremos três carreiras de napiê, ou capim-elefante, que é uma variedade de capim que sobe uns 4 a 5 metros”, detalhou.
O próximo passo é fazer uma estufa para tomate saladete orgânico, para começar a comercializar no último trimestre de 2019. O selo depende de muitos aspectos burocráticos, mas, na prática, as culturas da fazenda da família não contêm agrotóxicos. Há dois meses, eles se juntaram à feira Roça Eco Sustentáveis, que acontece às noites de quintas na praça da Matriz, comercializando seus orgânicos e doces com abóbora, doces de coco e outras culturas do sítio.
A vida com os orgânicos
Antonio nasceu na fazenda Jaborandi, em Cambé, e vive da agricultura desde a infância. “Comecei na idade de 10, 12 anos. Na época era café, mas agora que partimos para a horta e os orgânicos”, relatou. Há 35 anos ele está na mesma propriedade e sempre viveu com os pais. Atualmente, o pai Jasson, já com 97 anos, tem uma casinha no mesmo sítio.
Ele partiu para a agricultura orgânica porque teve problemas de saúde pelo contato frequente com defensivos agrícolas. “Por estar em contato com isso desde pequeno, no meu desenvolvimento, paralisou dois nervos nas costas”, revelou o agricultor. Hoje, só consegue levantar o braço esquerdo totalmente se o outro braço auxiliar.
A família parou de usar defensivos agrícolas no café há cerca de nove anos. Nas hortaliças, eles nunca foram usados em 27 anos. Os métodos para manter as culturas livres de defensivos são o esterco curtido, água de mina com boa qualidade e irrigação. “Os agrotóxicos estão longe do nosso terreno aqui”, brincou Marta.