Um dos maiores arrependimentos da minha vida, com certeza, foi não ir ao show dos Mamonas quando tive a chance. Tudo bem, só tinha uns onze anos, provavelmente hoje lembraria muito pouco do show e claro, ninguém imaginava que eles iriam morrer. Quando vi a notícia na TV, fiz o que qualquer pessoa sensata diante das imagens da TV faria, não acreditei por uma semana. Achava que era pegadinha, que eles iam voltar numa Brasília Amarela de algum lugar.
No pouco tempo de atividade, os Mamonas Assassinas marcaram o cenário musical do meio dos anos 90, se você acha sertanejo universitário ruim, é porque não lembra ou não viveu o AXÉ daquela época, perto daquilo, Anitta é Mozart, e era isso que a gente tinha. A base da banda era de bons músicos, a produção do único disco também foi muito bem feita e o mais importante, as letras estavam no limite entre o que era sarro e o que seria ofensivo, o que prejudicaria comercialmente, muita gente tentou imitar a pegada, mas sempre ou ficava boboca ou ficava pesado. Foi um fenômeno absoluto, interrompido pelo trágico acidente que todos conhecemos.
Mas o que seria deles hoje, vinte anos depois, se estivessem vivos? Alguns amigos meus acham que a banda estaria aí, até hoje, fazendo muito menos sucesso, minha esposa acha que a banda não duraria mais nem um ano, e sumiriam pelo caminho. Mas eu sou fã, eu tenho minha teoria mais otimista (rs).
A banda continuaria, gravaria mais uns dois discos e cada um começaria a dividir seus rumos. Os irmãos Sérgio e Samuel viveriam do Mamonas mesmo, direitos dos discos, imagem, essas coisas. O japa Hinoto, que mostrava muito talento na guita, teria vários projetos paralelos, uma banda de rock “sério”, uma participaçãozinha no Sepultura, muitos riffs vendidos para as bandas gravar. Julio Rasec viraria produtor de sucesso. Dinho estaria na Globo, provavelmente em algum programa bom, um talk show, um humorístico, mas não ficaria só nisso, faria filmes, dramas, porque era um inquieto por natureza. E claro, esporadicamente se reuniriam para nos brindar com seu humor, sua ousadia, e sua música.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade