A morte de um casal em uma residência no Jardim Novo Horizonte, em Rolândia, no final da tarde da segunda-feira (24), suscitou o debate em torno da violência contra a mulher e do feminicídio. Alexandro Ferreira (38) e Edneia Silva (43) estavam separados e foram encontrados mortos na casa em que Edneia morava com a filha do casal, que não estava na residência. A casa foi incendiada e Edneia também encontrada depois que as chamas foram apagadas pelos bombeiros. Alexandro estava na porta da casa e tinha ferimentos de faca na altura do abdômen e peito. Ambos estavam nus.
O delegado Bruno Rocha instaurou inquérito para desfazer qualquer conjectura ou hipótese sobre a morte dos dois. “Todas as possibilidades serão investigadas, apesar da indicação inicial de feminicídio seguido de incêndio e suicídio”, afirmou Bruno. Os laudos da criminalística e da necropsia serão muito importantes para isso”, ressaltou o delegado. Esses resultados devem sair em cerca de duas semanas. Traduzindo: o delegado trabalha com a tese mais forte de que Alexandro teria matado a ex-esposa Edneia (feminicídio), ateado fogo na casa (incêndio) e se matado (suicídio).
Contra a mulher
Os casos de Maria da Penha aumentam quando há casos de feminicídio. A informação é de Juliana Peixoto, que trabalha no Setor de Atendimento Especializado à Mulher (SAEM) da Delegacia de Rolândia. “Geralmente são dois casos por dia. Nesta quarta (26), já foram quatro só das 14 até as 17 horas”, ressaltou Juliana.
A falta de uma delegacia para mulheres inibe a denúncia e desestimula. Como o crime é afiançável, muitas vezes o agressor sai no mesmo dia e pode procurar a agredida, que precisa ir para a casa de parentes. Outro problema é que muitas mulheres não acreditam que seus companheiros possam ser capazes de atos extremos. Os crescentes números de feminicídios mostram que esse julgamento é errado.
No caso de Edneia, a reportagem conversou com amigas dela e relataram que ela contou que tivera desentendimentos com o ex-marido, mas que não julgava que ele faria algo que a ferisse. “Ela nos contou que ele não aceitava a separação e que era muito ciumento. Falamos para ela denunciar, mas ela dizia que ele era uma pessoa boa, era um homem bom, pai de sua filha”, relembra uma amiga.
Procuradoria da Mulher
Rolândia também não tem mais uma Secretaria da Mulher. Pensando nisso, a vereadora Edileine Griggio (PSC) articula a criação de uma Procuradoria da Mulher, que teria como função receber, examinar e encaminhas aos órgãos competentes as denúncias de violências e discriminação contra a mulher. Também promoveria a igualdade de gêneros, implementação de políticas para as mulheres, seminários, pesquisas, estudos e debates sobre o assunto. Essa procuradoria seria na própria Câmara. O projeto tem de partir da Mesa Diretora do Legislativo. “Cederei meu gabinete para o atendimento e passarei a dividir o gabinete com a vereadora Maria do Carmo. Espero que a Procuradoria seja criada o mais rápido possível”, afirmou Edileine.