Médico rolandense relata sua rotina durante a pandemia

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    Aclamados com salvas de palmas de norte a sul, profissionais de saúde têm um dos maiores desafios na história recente do país: atuar na linha de frente no combate ao coronavírus. São os heróis em uma guerra contra um inimigo invisível. O JR falou com um destes profissionais, o cardiologista Dr. Paulo Henrique Verri (34), que nos contou como está sendo a sua rotina e o que mudou depois da pandemia. Ele atua como médico no Paraná desde 2017 e atende os moradores de Rolândia em uma clínica da cidade desde 2018.

    Rotina em casa

    O médico afirma que ao chegar em casa ele já tira os sapatos na porta e os deixa reservado em um local especifico. A roupa vai direto para o cesto de roupas sujas e ele se direciona automaticamente para o banho. “O comum antes era chegar e fazer outras atividades, agora, eu chego e o banho já é algo que faço imediatamente”, revelou. Antes ele também tinha o habito de encaminhar as roupas para lavanderias, hoje ele está lavando as roupas em sua própria casa para não expor outras pessoas ao risco.

    Ele também afirma que toma o máximo de cuidados com objetos de muita manipulação, como carteira, chaves e o aparelho celular. “É o tempo todo higienizando com álcool gel”. Os itens também ficam em um local mais especifico, exceto o celular, que precisa ser mais utilizado.

    No trabalho

    Postos, hospitais e clínicas particulares são os locais onde os profissionais estão em contato direto com possíveis casos suspeitos, e orientando as demais pessoas a permanecerem em casa, enquanto eles próprios precisam estar onde estão. O Dr. Paulo explica que, neste momento, na clínica não estão atendendo os pacientes com casos sintomáticos respiratórios e nem pacientes com sintomas febris. “Isso é justamente para não expor outros pacientes a este risco. Está sendo feita uma triagem na entrada da clínica e tanto eu quanto o restante da equipe estamos utilizando todos os EPI’s completos. Eu, por fazer o contato com a realização dos exames de ergometria, também utilizo o escudo protetor facial chamado Face Shield”, afirmou.

    O médico explica que realiza um exame complexo e arriscado de Ecocardiografia Transesofágica, que é um método ultrassonográfico realizado por meio da introdução de sonda no esôfago. O exame permite, de forma complementar ao procedimento transtorácico, a obtenção de informações relevantes para o esclarecimento diagnóstico de alterações estruturais e/ou funcionais do coração. “Só para dar um exemplo durante esta quarentena eu fiz um exame deste no Hospital do Câncer, e por ele foi possível detectar uma endocardite, que é uma infecção em uma válvula. E em um outro exame, foi detectado um tumor cardíaco. Ou seja, é um exame de urgência que não pode deixar de ser feito”, reforçou.

    O risco ocorre porque neste há procedimento há geração de aerossóis (PGAs), com a pandemia de COVID-19 em andamento, os clínicos têm levantado preocupações sobre os procedimentos de PGAs no decorrer do tratamento do paciente. Como a doença se espalha por gotículas, os PGAs podem expor os profissionais de saúde a um maior risco de transmissão nosocomial.

    Isso aumenta muito o risco de contágio da equipe, por isso, neste procedimento existe a necessidade de uma maior quantidade de EPI’s como o avental impermeável, a máscara n95 que é um modelo de respirador de utilização hospitalar que filtra elementos contaminantes em forma de aerossóis, além de gorros e do Face Shield.

    Contato com a família
    A principal mudança dele foi sair da casa dos pais e começar a morar sozinho, pois como médico ele considera que seria o grande risco para a família. “Aluguei um apartamento aqui em Rolândia mesmo e estou fazendo o uso da máscara de proteção individual o tempo todo, para todos os deslocamentos que eu vou”, afirmou.

    Os pais do médico moram em um sítio e, quando ele os visitar, fica de longe, não entra dentro da residência e o tempo todo fica de máscara. “Faço assim também com os meus irmãos que moram aqui na cidade. Falo com eles somente à distância, sem contato físico. Não abraço os meus pais e familiares há três meses pelo menos”, lamentou.

    Sobre o profissional

    Dr. Paulo se formou em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 2010, fez residência na Clínica Médica UEL entre 2011 a 2012, fez residência em Cardiologia e Ecocardiografia no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, de 2013 a 2017. Atualmente, atende em Rolândia na Verri Cardiologia – Clínica de Cardiologia, anexo à clinica Davita, na Rua Martin Friedrich Mewes, 101 – Fones: 3156-1190 / 99975-6318.

    Uma guerra invisível
    A comparação do coronavírus com um conflito global não é absurda. A doença que assola o planeta não faz distinção entre jovens e idosos, homens e mulheres, ricos e pobres. Ainda que seja mais perigoso ao atingir alguns grupos – especialmente a população de mais idade e pessoas com doenças crônicas –, o vírus é capaz de infectar indistintamente, conforme as informações que se tem até o momento.

    Diariamente os profissionais de saúde estão na linha de frente deste conflito, armados com jalecos, máscaras e luvas. Também estão expostos na defesa da população em um combate que, até agora, tem deixado baixas em todo mundo. A todos os profissionais de saúde nossa eterna gratidão e respeito. 

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