A crise gerada pela pandemia do coronavírus pegou a todos de surpresa e vivemos um momento de muitas incertezas. Não há dúvida de que as coisas não serão como antes. A pandemia trouxe a necessidade urgente da inovação, exigindo que as empresas se reinventem para que não tenham prejuízos irreparáveis. Se antes já era preciso ganhar destaque no mercado para estar à frente das concorrentes, em tempos de crise isso é ainda mais importante.
O rolandense Marlos de Andrade, 52 anos, também precisou se reinventar. Trabalhando desde os 14 anos com fotografia, Marlos por décadas esteve ligado ao registro visual, mais precisamente na vertente social. Em 2014, começou a direcionar o seu trabalho fotográfico para escolas de balé: passou a atender no Paraná e até mesmo algumas regiões do estado do São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. “Apresentamos o trabalho nas escolas e temos todos os equipamentos necessários para atender este público. Depois do trabalho realizado, montamos alguns kits com seis fotos no tamanho 20×25 e uma foto tela em torno de 45×60. Posteriormente oferecemos aos pais”, explicou. Nesse epopeia, tem a companhia da esposa Lucimara, que também é fotógrafa e atualmente trabalha nos supermercados Locatelli.
A pandemia
No começo do ano, Marlos e Lucimara estavam animados com os resultados que o trabalho estava gerando e, em março, chegaram a fechar contrato com dez escolas de balé só aqui no Paraná, o que significativa que muito trabalho estava por vir. “Das dez escolas que havíamos fechado o contrato, só conseguimos fotografar uma. Depois disso, paralisamos tudo e desde então não executamos o nosso trabalho de fotografia”, revelou. Por causa da pandemia.
A reinvenção
Foi durante uma conversa com um amigo que Marlos teve a ideia de começar a trabalhar como motorista do aplicativo Uber. “Um amigo comentou que se eu tivesse o EAR (Exerce Atividade Remunerada) na CNH poderia me habilitar para ser um motorista. E por incrível que pareça, eu ajustei a categoria da minha carteira de habilitação há alguns anos e tenho o EAR. E foi aí que pensei mais sobre o assunto e decidi fazer o meu cadastro no Uber”, contou.
Depois do cadastro feito e aprovado, Marlos trocou as lentes da câmera pelo volante do seu veículo e começou a rodar por Londrina e a atender aos clientes. Isso desde maio. “Eles são bem rigorosos neste aspecto e checam até antecedentes criminais”, revelou o fotógrafo. “No começo fiquei inseguro, mas aí comecei devagar e hoje, mais adaptado, estou conseguindo exercer a atividade tranquilamente”, ressaltou.
Após dois meses e meio atuando como motorista do aplicativo, Marlos está conseguindo suprir com as necessidades da família. Ele e a esposa estão trabalhando em uma atividade diferente do que estavam acostumados, mas ambos estão se readaptando a nova realidade, até mesmo na logística de cuidados com a filha deles, Maria Flor, de dois anos de idade.
“De manhã, eu fico com a minha filha para a minha esposa trabalhar e, no período da tarde/noite, trabalho. Às vezes chego a trabalhar até uma hora da manhã, nos dias que a demanda se estende até este horário. Eu não estou conseguindo tirar a mesma quantia de quando eu exercia meu trabalho de fotógrafo, mas a gente vem conseguindo manter as despesas básicas de casa”, assegurou.
Diante das incertezas do momento, o atual motorista não consegue enxergar uma perspectiva de quando tudo voltará ao normal, mas, enquanto tudo não volta a ser como antes, entende não pode ficar parado e muito menos preso em alguma função que impossibilitasse a sua retomada na fotografia.
“Voltando as aulas, pretendo retomar a minha profissão de fotógrafo e por isso optei por algo que me possibilite essa flexibilização e que também me auxilie no sentindo financeiro”, pontuou. Marlos é mais um exemplo de alguém que, em meio ao escuro de não saber qual caminho tomar, optou por não desistir e enfrentar esta batalha do melhor modo possível: trabalhando e se reinventando.