A forma como olhamos, ouvimos, cheiramos, saboreamos ou tocamos não é alcançado através de um único input sensorial, mas através de um sistema de camadas que se sobrepõem o todo, sendo que nossas respostas cognitivas e emocionais são afetadas pelos sentimentos produzidos pelos nossos sentidos.
O dia mundial da conscientização do autismo foi no último de 02 de abril. Segundo a OMS uma em cada 169 crianças tem o transtorno do espectro autista (TEA).
Existem intervenções psicossociais baseadas em evidências, como tratamentos comportamentais, programas de treinamento de habilidades para os pais, que podem reduzir as dificuldades de comunicação e interação social, como impacto positivo no bem-estar e qualidade de vida das pessoas com TEA, no entanto, isso não reflete nos espaços e ambientes construídos, ou seja, na arquitetura, principalmente das instituições educacionais como escolas, centros culturais, museus, etc, que deveriam ter em todos os aspectos a premissa de acessibilidade dentro da pluralidade, uma preocupação sensorial dentro de todas as variáveis humanas, como por exemplo os portadores de TEA.
Autistas possuem uma percepção particular dos ambientes e espaços que frequentam, possuem sensibilidade extrema em relação a audição, visão e tato.
Qual o sentido disso aqui? É no sentido de apresentar a discussão de que os ambientes educacionais e institucionais devam ser projetados, elaborados e organizados de forma a atender as necessidades dos usuários ao mesmo tempo em que proporcionem conforto e estímulos sensoriais para colaborar com o desenvolvimento social dos autistas.
É necessário que na produção destes espaços e ambientes públicos haja a inserção de elementos que tragam perspectivas para que autistas possam interagir de diferentes formas com o ambiente e o mundo a sua volta.
A arquitetura tem a prerrogativa de inserir dentro do espaço produzido o direito ao acesso inerente a condição do usuário, principalmente quando se trata de educação e cultura.
O mais importante dentro de qualquer debate é que ele possa servir dentro de algum âmbito na sociedade. Principalmente para que políticos reajam e saiam do seu habitat turbulento e buscando inserir políticas públicas amplas e participativas.
Trata-se de civilidade.
Elton Charles Pereira
Arquiteto Urbanista