“Mães” no combate à pandemia

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    O dia das Mães é, sem dúvida, uma das principais datas mais importantes do Brasil. A verdade é que neste domingo (09), mais do que presentes, festas e homenagens, o momento é de valorização da presença e a união entre mães e filhos. Entre plantões e cuidado com os filhos, as mães profissionais da saúde esperam que data seja um momento de carinho, mesmo que a distância em alguns casos. Nessa semana especial do Dia das Mães, o JR falou com profissionais da saúde de Rolândia, que também são mães e que vivem um grande desafio neste período. 

    A mudança na rotina
    A enfermeira Giseli Tolini Roza de Freitas, 45 anos, tem três filhos, é casada, e trabalha na Central da Covid no Hospital São Rafael. Quando está longe da função de enfermeira, ela vai para a sua dupla jornada de mãe do Felipe (21), Laís (19) e Lucas (13). Giseli falou sobre o medo de estar levando o vírus para dentro casa: “A preocupação é muito grande”. Mas afirmou que tem muito cuidado e faz todo o processo de segurança quando chega na sua casa. “Quando eu chego, retiro a roupa que venho do trabalho e o calçado antes de entrar em casa, mesmo usando a paramentação adequada para trabalhar”, contou.

    Já Alessandra Jaques Amaro, 38 anos, trabalha na área da saúde há seis anos, e está prefeitura como funcionária pública há 13. Atualmente é guichê na Central da Covid na UBS central. Ela é mãe do Leonardo (6) e mora no jardim Floresta, na região da Vila Oliveira. Para ela, além do vírus, a ausência das aulas também afetou muito a sua rotina. “A mudança foi grande por não poder contar com quase ninguém, sem escola foi muito difícil. As pessoas têm até medo de se aproximar da gente e tem medo de pegar o vírus de nós, funcionários. Aprendi a ser professora sem ter me preparado para isso.  Também tive que adotar uma forma de limpeza em minha casa diferenciada para proteger minha família e, principalmente, meu filho”, explicou Alessandra.

    Perdas irreversíveis 
    Angelina Ribeiro de Siqueira (51) mora no Jardim das Flores, é casada, tem três filhas, três netos, e trabalha na área da saúde há 15 anos. Há um ano atuando na central Covid da UBS Central, confessa não ter muitos motivos para comemorar. “Não tenho mais minha mãe, perdi ela há três anos, felizmente não foi para a Covid, ainda tive tempo de me despedir dela por algumas horas, ela faz muita falta, as mães fazem falta para os filhos quando se vão, pois são o nosso porto seguro”, desabafou.

    Angelina acredita que, além da sua perda pessoal, o cenário de perdas em massa que estamos vivendo hoje reflete nessa difícil missão de comemoração. “Há um ano estamos vivenciando momentos difíceis, não só nós, profissionais da saúde, que estamos na linha de frente, mas também por parte de toda a população que busca por atendimento e tem nos procurado com muita dor, sofrimento, perdas para uma doença desconhecida e, às vezes, irreversível”, ressaltou.

    Ela conta que, mesmo longe do trabalho sem os equipamentos de proteção individual (EPIs), o distanciamento dos familiares é mantido. “Quando chego em casa, tomo banho em um banheiro no fundo do quintal, fico distante das minhas filhas e do meu marido nas refeições. Nem meu pai tenho ido visitar, pois ele é de idade avançada e tem comorbidades”, lamentou-se.

    A ausência do abraço
    A enfermeira Giseli contou que, em meio às muitas mudanças na rotina, algo em específico é bastante difícil e desafiador. “No começo foi muito complicado, ter que se adaptar a todas as mudanças na nossa rotina que vieram junto com a Covid. Chegar em casa depois de um plantão exaustivo e não poder abraçar seus filhos é muito difícil, é o que mais me dói”, afirmou Giseli. A enfermeira testou positivo para a Covid. “Fiquei em isolamento no meu quarto, sem sair, só tinha contato por celular. Tudo o que eu ia comer era colocado na porta do meu quarto. Eu só saia de lá para as consultas. E o pior de tudo, era aniversário do meu caçula e eu não pude dar um abraço nele”, relembrou-se.
   
    Alessandra comentou sobre a questão do abraço, que também é algo muito complicado de se lidar. “O que mais me marcou foi quando cheguei em casa depois do primeiro dia de trabalho na Covid e meu filho veio correndo me abraçar e eu tive que repreender ele e não pude abraçá-lo. Isso me doeu muito. Só posso fazer isso às vezes, e depois da higienização e de um banho bem tomado”, revelou.

    A distância e o medo
    Nilza Rosa de Jesus, 45 anos, trabalha como assistente administrativa na Central da Covid, na sala de notificações. Ela é mãe de duas mulheres, uma de 29 anos, que mora em Sorocaba, e outra de 27 anos, que recentemente foi morar literalmente do outro lado do mundo, no Japão. Mesmo quando estavam em Rolândia, as filhas de já não moravam com ela, mas Nilza cuidava da neta de oito anos, chamada Raissa. “Foi muito difícil para mim no começo da pandemia, pois eu cuidava da minha netinha na época e aí precisei ficar longe dela. Fiquei três meses distante e foi um período muito doloroso para mim”, lembrou.

    Hoje Nilza mora com o irmão de 54 anos de idade, e desde o início da pandemia ela tomou medidas de segurança dentro da sua casa. “Meu irmão praticamente mora separado de mim, mas na mesma casa. Dividimos tudo, não usamos os mesmos utensílios e eu me cuido bastante para não colocar ele em risco”, explicou. Ela confessa que morar longe das filhas é bem difícil e que, especialmente em datas comemorativas, a saudade é muito grande. “Ainda mais agora neste período tão difícil que estamos vivendo. Não é nada fácil”, afirmou.

    Angelina comentou que, com o tempo, os profissionais aprenderam a lidar com a situação, mas a rotina faz falta, o afeto entre a família, os amigos, a equipe. “Difícil não saber o que nos espera pela frente. Os pacientes perguntam se não tenho medo de pegar Covid trabalhando na linha de frente. Eu sempre digo que tenho mais fé do que medo, porque minha fé me dá a certeza que Deus está cuidando de nós”, assegurou.

    Esperança e segurança
    A esperança precisa prevalecer e os cuidados contra a Covid-19 não podem ser esquecidos e ignorados. Para todas essas mães que também são profissionais que vivem dia a dia a intensidade e a força que a pandemia trouxe, o discurso é o mesmo: ame sua família e viva com segurança.

    No momento em que vivemos, a maior prova de amor é o distanciamento e os cuidados básicos como usar máscaras e lavar as mãos.  “É importante lembrar que não temos ainda um tratamento específico contra o vírus da Covid. Então o que vale mais no momento é a consciência de cada um”, alertou Alessandra.

    “O pior de tudo é conscientizar a população sobre isolamento, distanciamento social, uso de máscara, lavagem das mãos, álcool gel, eu ainda vejo muitas pessoas não dando tanta importância para isso. Desejo a todas as mães um feliz e abençoado dia das Mães, e não se esqueçam, ainda estamos em pandemia, o distanciamento social ainda é necessário, o uso de álcool gel e máscara também”, relembrou Giseli.

    “Desejo um feliz dia das Mães a todas mães, especialmente aquelas que são minhas amigas de profissão e a todas que atuam no setor da saúde. Continuem todos se cuidando se preservando pois isso vai passar. Mas, enquanto não passar, precisamos nos cuidar direito, cuidando-nos por amor a nós mesmas e ao próximo”, finalizou Angelina.

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