A Justiça do Paraná determinou a prisão preventiva de Silvania Regina Ribeiro, de 46 anos, suspeita de desviar doses de vacinas contra a Covid-19 em Apucarana. Silvania Regina está presa desde o sábado (15). Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Silvania trabalhou como voluntária na aplicação de vacinas contra a doença até o dia 11 de maio.
No sábado (15), a falsa enfermeira foi presa em flagrante com frasco da vacina Astrazeneca, seringas e cartões de vacinação em sua casa. Silva confessou ter desviado dois frascos do imunizante para aplicar a primeira e segunda doses em uma família de Mandaguari, dona de uma empresa em Apucarana.
Em seu depoimento à Polícia Civil, Silvania deu detalhou os motivos que a levaram a furtar as vacinas. “Simplesmente quis ajudar quem me ajudou muito. Me deram trabalho em uma época que precisei muito. Ninguém pagou por nenhuma dessas doses. Das cinco pessoas que receberam a vacina, três fazem parte dos grupos prioritários. Uma estava na idade da imunização, a outra é hipertensa e outra tinha acabado de ganhar bebê”, afirmou a suspeita.
Segundo o delegado de Apucarana, Marcos Felipe da Rocha Rodrigues, Silvania responderá por crime praticado por funcionário público durante a função, mesmo que tenha trabalhado como voluntária, pois exercia, ainda que sem remuneração e de forma temporária, função de funcionário público.
De acordo com o secretário de Saúde de Apucarana, Roberto Caneta, Silvania Regina trabalhou como voluntária ao se apresentar como técnica de enfermagem – ela não tem formação na área. Essa versão, no entanto, é negada pela suspeita. Silvania afirmou que a profissão estava em sua carteira de trabalho por decisão da instituição de idosos em que trabalhou até o fim de março. “Fui registrada como técnica de enfermagem por motivo de salário, financeiro, porque a base salarial de cuidador de idosos era maior do que a instituição poderia pagar. Isso tudo foi acordado em uma reunião, ninguém foi enganado”, contou à polícia.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Paraná também investigam se Silvania estaria aplicando soro ao invés de vacina contra a Covid-19. Em seu depoimento, ela negou e afirmou que “Todas as que apliquei eram da Astrazeneca, nenhuma com soro”. O secretário municipal de Saúde também descarta essa hipótese. O MP também investiga a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde no caso.
“A responsabilidade pelo controle das doses é da administração pública municipal. Em nenhuma hipótese seria aceitável que alguém tivesse dose de qualquer vacina em casa, no contexto da pandemia é ainda mais grave. Considero absolutamente inaceitável”, disse a promotora Fernanda Silvério.