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    Depois de quatro anos no seminário “Rainha dos Apóstolos”, em Curitiba, onde, além dos estudos teológicos, aprendemos também a língua portuguesa e os costumes brasileiros, chegou o dia ansiosamente aguardado da nossa ordenação sacerdotal: 04 de julho de 1965. Era uma manhã fria do inverno quando os harmoniosos sinos da antiga Catedral de Londrina repicavam solenemente, anunciando nossa ordenação presidida pelo Bispo Dom Geraldo Fernandes e coadjuvado pelos padres Bernardo Greis, Jorge Zammit e Roque Schoffen, este mestre de cerimônias. 

    Muita gente na Catedral, mas as pessoas mais queridas por mim e que desejava que estivessem presentes não estavam: meus familiares. Minha mente estava distante, dividida entre dois países: Malta e Austrália, onde meus familiares também estavam suspirando de saudades! Como desejava que alguém da minha família estivesse presente nessa ocasião! Tinha muitos amigos, mas ninguém podia substituir meus familiares. O Bispo Dom Geraldo Fernandes, como bom pai, fez o possível para tornar este dia especial para nós. Organizou até um delicioso almoço da ocasião para padres, seminaristas e padrinhos no Seminário Menor, recém construído às margens do Igapó. Meus padrinhos foram os casais Rudolf/Matilde Kempf e Álido/Elvira Stinghen, ambos de Rolândia. 

    Minha 1ª Missa solene foi celebrada na igreja Matriz São José no dia 11 de julho de 1965, quando era pároco o Padre Pedro Fenech.

    Depois da Ordenação, voltamos para Curitiba, onde concluímos o curso de Teologia e, em seguida, viajamos para Malta, depois de quatro anos, para celebrar a 1ª missa com os familiares em nossa terra natal. Reencontrei com meu pai depois de 10 anos. Minha 1ª missa solene se deu na igreja dedicada ao naufrágio do Apóstolo São Paulo, em Malta, exatamente três dias antes desta grandiosa comemoração: 10 de fevereiro de 1966. Ao retornar ao Brasil com o navio italiano “Andrea C.” da Costa Lines, em março de 1966, Dom Geraldo me nomeou como 2º pároco da Paróquia “Santo Antônio”, de Pitangueiras – à época Distrito de Rolândia. Era minha 1ª experiência da vida pastoral naquele tempo de renovação que o Concílio Vaticano 2º tinha introduzido na liturgia, na catequese e nas estruturas paroquiais.

    Era coordenador da pastoral diocesana o Padre Reinaldo Semprebom, o qual, por sugestão de Dom Geraldo, me convidou para viajar com ele até Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, para conhecer o bonito trabalho que os padres belgas faziam com as Comunidades Rurais de Base. A intenção era a de adaptar esta experiência para a realidade de Pitangueiras. Com o apoio das lideranças locais, a experiência deu certo! A Paróquia foi dividida em setores por “águas”. A população local erguia uma tenda de lona no terreiro de café e aí celebrava missa e fazia reuniões de estudo bíblico/catequético à noite, iluminados por lampião de gás. A primeira experiência foi realizada no sítio de Fernando de Almeida e toda a redondeza participou. Até o próprio Dom Geraldo tinha vindo algumas vezes, de noite, para conhecer e participar dessas reuniões. Uma experiência maravilhosa!

    Como dito, era tempo de renovação litúrgica, sugerida pelo Concílio Vaticano 2º que tinha sido concluído em 1965. Antes do Concílio, o altar era colocado no fundo do presbitério e a missa celebrada de costas para o povo. O Concílio mudou esse sistema. Com a ajuda de integrantes da Comissão, foi colocado altar/mesa e começamos a celebrar a missa inteira em português, e não mais em latim, de frente para o povo. Me lembro da alegria do povo em participar da Missa em sua própria língua e cantando em português todas as partes da Missa com os primeiros hinos compostos por um brasileiro, o Pe José Alves. Era um prazer celebrar missa em português pela 1ª vez!

    Estava sendo construído, por iniciativa da Paróquia, um colégio de ensino médio, exatamente porque em Pitangueiras não tinha curso ginasial ainda. Estando já coberto, mas sem janelas, surgiu um temporal com ventos fortes que destelhou todo o teto. Por intermédio do prefeito Primo Lepre e vereadores locais Benedito Matheus e Vitório Serpelloni, conseguimos com o Governo do Estado uma verba substancial para completar a construção. Foi dado o nome de “Colégio Papa João 23” e eu fiquei supervisionando por algum tempo. Para manter a Paróquia e o Colégio, fazíamos campanhas de café, de cereais e festas beneficentes, uma vez que não existia o sistema do dízimo. Nem salário eu tinha porque também não era costume… a recompensa vinha da gentileza e da bondade do povo.

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