Em análise: O luto em tempos de Covid-19

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    Olá, querido leitor, hoje venho trazer uma reflexão a respeito do luto em tempos de Covid-19. O Brasil chega à marca de quase 500 mil mortes em decorrência da doença, um número assustador e demasiadamente triste. O clima de luto e morte vem assolando o país desde que essa pandemia se iniciou e todos os dias nos deparamos com o tema morte.

    Com as medidas de enfrentamento contra a pandemia, em especial o distanciamento social, que se faz tão necessário nesse momento, na grande maioria das mortes não existiu qualquer tempo de despedida por parte dos familiares. Diante destas circunstâncias, muitas questões ficaram pendentes, muitas palavras ficaram por dizer, o que acabou gerando nas pessoas enlutadas uma grande angústia e sentimento de culpa.

    Além das palavras que ficaram por dizer, não podendo ser dado o último adeus, temos ainda as restrições referentes à realização das cerimônias fúnebres, as quais têm por objetivo uma função adaptativa muito importante. 
    
    Esses rituais da cerimônia tem uma razão de existirem, pois nos permitem expressar a dor da perda e é também um momento em que somos acolhidos pelas pessoas que fazem parte do nosso convívio social. Assim, essa impossibilidade de estar presente no funeral, ou de mesmo não existir a oportunidade de que este seja realizado dentro das circunstâncias desejadas, representa um fator adicional de estresse e angústia. A imposição de todas essas restrições (que são extremamente necessárias ao combate da pandemia) dificulta muito a aceitação da própria perda, o que acaba acarretando no adiamento e potencialização desse processo de luto. Assim, o que se pode observar é um aumento grande de lutos traumáticos e problemas psíquicos, em especial quadros clínicos de ansiedade e depressão.

    Dessa maneira, diante de todos os fatos expostos, a reflexão que deixo hoje é que possamos de verdade amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Dizer o que precisa ser dito hoje, resolver as pendências que temos com as pessoas hoje, pois o amanhã de fato nunca chega.

    Deixo aqui ainda os meus sinceros sentimentos a todos aqueles que estão sofrendo a perda de um ente querido.

Até a próxima.
A psicanalista Maira Minelli é a nova colunista do JR. A profissional atende na rua Estilac Leal  40, sala 04, Edifício Garden Munique. Também pode ser contatada pelo telefone (43) 9.9170-9936 ou pelo seu Instagram: @mairaminelli_

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