Especialista reforça que atividade física deve ser parte do tratamento oncológico; evento inédito coloca mulheres no centro do cuidado

Em mais uma reportagem da série Caminho Rosa, o educador físico e pesquisador Rafael Deminice, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), destacou a importância da prática de exercícios para pacientes com câncer de mama. Segundo ele, não restam dúvidas de que o movimento é parte fundamental do tratamento.
“Hoje a gente sabe que pessoas fisicamente ativas têm cerca de 20% menos chance de desenvolver câncer de mama. Para aquelas que já tiveram a doença, a atividade física reduz em até 30% o risco de recidiva e mortalidade”, afirmou.
Deminice explica que não existe um tipo de exercício melhor ou pior, mas sim a necessidade de constância. “O melhor exercício é aquele que a pessoa gosta de fazer e consegue manter. Não adianta prescrever natação, por exemplo, se a paciente não sabe nadar. O importante é a regularidade”, destacou.
Além de reduzir o risco de recidiva, a atividade física ajuda a amenizar efeitos colaterais do tratamento, como fadiga, dor, ansiedade, depressão e risco de quedas. Os riscos são mínimos, desde que haja supervisão adequada. Ele reforça que a atenção deve ser maior em casos específicos, como linfedema ou fragilidade em pacientes mais idosos, mas que, de forma geral, os benefícios superam amplamente as limitações. “O exercício físico supervisionado é sempre mais efetivo e seguro do que quando feito sozinho”, ressaltou.
As orientações de Rafael se conectam diretamente ao projeto Correndo Contra o Câncer (@correndocontraocancerbr), criado em 2022 na UEL. A iniciativa é gratuita, voltada a maiores de 18 anos, e busca promover a prática da corrida de rua entre pessoas com câncer e sobreviventes.
O objetivo é investigar de que forma o exercício pode melhorar as condições físicas e emocionais e reduzir efeitos adversos da doença e do tratamento. Atualmente, cerca de 50 pessoas participam dos treinos no Centro de Educação Física da UEL.
O projeto se sustenta em três pilares: incentivar o movimento com aulas práticas; divulgar informações de qualidade sobre câncer e exercício; e formar profissionais capacitados para atuar com essa população. “Essa ainda é uma área carente de especialistas. O projeto também funciona como campo de estágio para alunos de graduação e pós-graduação, aproximando a universidade da comunidade”, destacou Deminice.

Simpósio COM ELAS
Toda essa experiência estará em evidência no 1º Simpósio de Saúde da Mulher que Tem ou Teve Câncer – COM ELAS, que será realizado no próximo dia 4 de outubro, no auditório da Unimed Londrina. O evento é organizado pelo projeto Correndo Contra o Câncer e pela UEL, com apoio da Capes, Unimed Londrina e parceiros de divulgação como o JR e o Caminho Rosa.
A proposta é inovadora: dar voz às próprias mulheres que enfrentaram a doença. “Dessa vez, os pacientes não ficarão apenas na plateia. Elas estarão no palco, compartilhando histórias, discutindo temas como maternidade, protagonismo, retorno ao trabalho, sexualidade, imagem corporal e qualidade de vida”, explicou Deminice .
A programação contará com profissionais de saúde, pacientes e lideranças da comunidade, como a vereadora Flávia Cabral, que também já enfrentou o câncer de mama. A participação é gratuita e aberta a pacientes, acompanhantes, profissionais e estudantes da saúde.
A campanha Caminho Rosa faz parte do calendário oficial do Outubro Rosa em Londrina e pode ser acompanhada no Instagram (@caminho.rosa).Empresas e instituições interessadas em apoiar a iniciativa podem contatar as médicas mastologistas responsáveis, Dra. Beatriz Daou Verenhitach ([email protected]/ 43 99970-5326) e Dra. Camila Sachi Nery Kanzaki ([email protected]).