Há várias formas de diagnosticar o câncer de mama; conheça algumas delas e saiba mais sobre a doença com a Dra. Beatriz Daou Verenhitach
Neste Outubro Rosa, o JR – Um Jornal Regional resolveu repetir a entrevista feita com a Dra. Beatriz Daou Verenhitach, mastologista que falou com o jornal no ano passado. A matéria foi muito elogiada e esclarecedora e, por isso, resolvemos publicá-la de novo: para mais mulheres poderem se informar.
Para você ter ideia, dados do Instituto Nacional de Câncer – INCA estimam que houve cerca de 66.280 casos da doença em 2021. Ou seja, quanto mais pessoas atuarem contra ela, menores serão suas consequências negativas. Entender o que é câncer de mama e como diagnosticá-lo é algo a ser reforçado ao longo de todo o ano, e por isso, o JR falou com uma especialista sobre o assunto para ajudar você a entender melhor sobre o tema a fim de desmistificar este tabu.
O que é o Câncer de Mama?
Segundo a mastologista Dra. Beatriz Daou Verenhitach, o câncer de mama é uma alteração que ocorre a nível do DNA das células mamárias e das células dos ductos mamários. Essas alterações ocorrem devido a vários fatores e promovem o surgimento de células com muita alteração. “Essas células têm a capacidade de invadir os tecidos vizinhos, assim elas podem produzir invasão da rede linfática e as metástases longe da mama, como no fígado, no pulmão, no sistema nervoso central e nos ossos”, explica a profissional.
Verenhitach reforça que o que faz essa alteração acontecerem são erros na replicação desse núcleo celular. Entender por que esses erros ocorrem em algumas pessoas, e em outras não, ainda é o grande desafio dos pesquisadores, que estudam em busca de entender e compreender por que alguns organismos são mais suscetíveis a isso e outros menos.
“O fato é que os fatores agressivos ao DNA como o tabagismo, por exemplo, incidem diretamente nestas possíveis causas e algumas famílias compartilham de estruturas de DNA já com falhas que são os famosos cânceres com história familiar positiva. Mas nem todas são assim, a maioria das mulheres não tem um problema a nível familiar, mas um erro que acontece na replicação desse núcleo celular dela pela 1ª vez em toda sua família”, esclarece.
Como diagnosticar?
Segundo pontuado por Verenhitach, o diagnóstico do câncer de mama pode ocorrer de duas formas. “Algumas mulheres vão descobrir nódulos pequenos fazendo seus exames de rotina que consideramos ser o cenário ideal, pois quanto menor a lesão, mais fácil e mais efetivo o tratamento. Porém, muitas mulheres não vão descobrir nessa situação, vão descobrir apalpando um nódulo e isso pode acontecer, por exemplo, em um câncer que cresceu muito rápido”, informa.
A médica ressalta que há casos em que as mulheres estão com os exames dela em dia, e por conta de um tumor que cresceu rapidamente ela já o descobre em um estágio avançado, mas no geral essa descoberta tardia é mais comum acontecer com as mulheres que estão com seus exames atrasados, e isso a impediu de ter descoberto o câncer mais cedo. “As etapas do processo do diagnóstico passam pelo exame clínico, pelos exames de imagem e sempre vai depender da realização de uma biópsia. A biópsia é quando é feita a coleta do material físico do interior desse nódulo alterado. Depois ele é encaminhado para o exame denominado anatomopatológico, em que vai ser observado ao microscópio pelo médico patologista que vai nos responder com laudo dizendo que tipo de célula compõem aquele tumor, ou seja, se é um câncer de mama ou não“, revela Beatriz.
A médica também esclarece que, atualmente, o câncer de mama não dispõe de uma prevenção primária, como por exemplo, uma vacina. “Nós tomamos vacina para não adquirir aquela doença, e ainda hoje nós não temos nada disso em relação ao câncer de mama. O que temos hoje é algo denominado como prevenção secundária, que é a ação de diagnosticar uma doença o mais cedo possível, evitando assim complicações mais graves”, afirma.
Ações de prevenção
Segundo Verenhitach, existem algumas ações que podem ter efeitos preventivos em relação ao câncer de mama, mas, ela ressalta que nenhuma delas é efetiva se for feita sozinha. “Atividade física regular, manutenção do peso corporal nos níveis considerados saudáveis, evitar tabagismo, evitar consumo de álcool excessivo, mantendo a ingestão de bebida alcoólica em duas a três doses semanais são considerados fatores preventivos”, pontua.
Mais uma vez, a especialista lembra que é importante manter a associação de todas essas medidas juntas para que, de fato, exista um ato maior de prevenção. “Além dos hábitos saudáveis, a realização dos exames regularmente também é importante para evitar o câncer de mama. Diagnosticar esse câncer o mais precoce possível não deixando de fazer a mamografia principalmente após os 40 anos, associando ao autoexame uma vez por mês, também é muito importante”, finaliza.
Sobre a Dra. Beatriz
A Dra. Beatriz Daou Verenhitach possui graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (2002). Residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pela UEL (2004). Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (2005). Residência médica em Mastologia pela Universidade Federal de São Paulo (2006). Beatriz Daou Verenhitach ainda tem o Título de especialista em Mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia (2006). Mestre em Ciências pelo departamento de Ginecologia da UNIFESP (2011). Preceptora do Ambulatório de Mastologia da Pontifícia Universidade Católica, campus Londrina, e é Doutoranda pela Universidade Federal de São Paulo.