Menina de 17 anos foi assassinada e seu namorado, de 16, também foi atingido pelo atirador; assassino é rolandense e havia invadido o colégio Souza Naves em outubro de 2022
Uma aluna de 17 anos foi assassinada em um ataque a tiros no colégio estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, na manhã desta segunda-feira (19). Além dela, outro estudante de 16 anos, seu namorado, foi baleado e está internado em estado gravíssimo no Hospital Universitário (HU), em Londrina, depois de ter recebido os primeiros atendimentos e ser estabilizado na Santa Casa de Cambé.
O suspeito do ataque é um ex-aluno, de 21 anos, morador de Rolândia, que foi preso e levado para a delegacia em Londrina. O atirador é o mesmo que invadiu o colégio estadual Souza Naves, de Rolândia, em outubro do ano passado e tentou esfaquear outro aluno aleatoriamente. Ele chegou a ser levado pela polícia e foi ouvido sobre o incidente e alegou ser “apenas uma brincadeira”. Esse mesmo jovem havia feito uma publicação elogiosa ao autor do ataque da creche em Santa Catarina em abril deste ano. Há uma série de vídeos do autor circulando nas redes sociais em que ele fala de ataques que iria realizar.
O que se sabe
O atirador entrou no colégio de Cambé por volta das 9h15, alegando que precisa de seu histórico escolar, pois havia estudado ali em 2014. Uma vez na secretaria, pediu para ir ao banheiro e, ao voltar, já estava de arma em punho e começou a disparar. Houve corre-corre e muita confusão, com os alunos fugindo, sendo auxiliado pelos professores, que também fugiam.
O atirador chegou a apontar para alguns professores, mas não atirou – ainda não há informações sobre a quantidade de disparos efetuados. O atirador, então, foi contido por um funcionário da escola, que havia recebido treinamento de segurança. Os policiais chegaram e o atirador foi preso em flagrante e levado para a delegacia de Londrina. Carregava com ele uma mochila com um machado e mais munição. Câmeras de vigilância da instituição de ensino foram recolhidas pela Polícia, o que vai ajudar a entender o modus operandi do agressor.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que o assassino tinha um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, em São Paulo. A secretaria ainda informou que em contato com a família do assassino foi informada de que ele é esquizofrênico e que faz tratamento para a doença.
As vítimas do ataque, identificados como Karoline Verri Alves e Luan Augusto, namoravam há um ano. A polícia também trabalha com a possibilidade de que o crime ter sido passional e não um ataque à escola, como muitos outros.
O presidente Lula se manifestou nas redes sociais e lamentou os disparos nas escolas. “Recebo com muita tristeza e indignação a notícia do ataque do colégio estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná. Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade. É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar”,
Carlos Massa Ratinho Júnior, governador do Paraná, decretou luto oficial de três dias no estado e lamentou o episódio.
Atirador tinha histórico
Em outubro do ano passado, o rolandense autor do ataque em Cambé tinha invadido o colégio estadual Souza Naves e tentado esfaquear um outro aluno, que não o conhecia. À época, ele fazia um curso técnico noturno no colégio. Vestido de roupas pretas e com uma camisa do ‘Justiceiro’ (ou o Punisher, personagem da Marvel), entrou no colégio quando os portões foram abertos para os alunos da manhã irem embora, ao meio-dia. Ele foi a um local em que não havia câmeras e tentou atacar a um aluno, que não o conhecia. A direção do colégio ligou para a Polícia Militar, mas o agressor já tinha fugido, apesar de ter sido feito um Boletim de Ocorrência.
O agressor voltou à noite para estudar em seu curso, foi reconhecido e abordado pelos policiais da Patrulha Escolar – ele estava sem a faca, mas tinha a capa preta em sua bolsa, a mesma que usara à tarde. Ele foi levado para a delegacia, mas não foi ouvido. Também teria dito aos policiais, dentro da viatura, que ‘tinha feito brincadeira sem graça’.
Em abril deste ano, o mesmo jovem voltou ‘aos holofotes’ depois de elogiar o autor do ataque à creche de Blumenau, em Santa Catarina, quando morreram quatro crianças. Ele apagou o comentário depois.