O rolandense Guilherme Ferreira esteve em ação humanitária durante 10 dias no Barco Hospital Papa Francisco na região Amazônica
O profissional Guilherme Ferreira de Souza, 29 anos, é dentista especialista em implantodontia e compartilhou sua experiência na expedição com o ‘Barco Hospital Papa Francisco’ em comunidades amazônicas do Pará. Guilherme ficou 10 dias, de 07 a 17 de dezembro no barco atendendo às comunidades ribeirinhas de Urucurituba e Piracoera de Cima. “Foram mais de 6 mil atendimentos nesses 10 dias de expedição pelo Amazonas”, relembra Guilherme.
Único paranaense na expedição, o profissional conta um pouco sobre a rotina dos atendimentos. “Chegando na comunidade, depois de muito tempo navegando, montávamos uma tenda, onde uma triagem era feita pela Secretaria de Saúde do Pará. Éramos em cerca de 20 profissionais de várias especialidades – o barco tinha até um centro cirúrgico. Ao terminarmos o dia de atendimento recolhemos tudo, desatracamos o barco, que volta a navegar enquanto dormimos”, explica Guilherme.
O barco-hospital
Muitas pessoas que vivem ao longo do Rio Amazonas recebem atendimento básico à saúde feita exclusivamente por médicos e dentistas nessa ação humanitária de voluntariado. O Barco Hospital Papa Francisco foi inaugurado oficialmente em 17 de agosto de 2019 na cidade de Belém-PA, sua base está localizada na cidade de Óbidos no Pará e atende a mais de 1000 comunidades ribeirinhas na região amazônica. O Barco Hospital mede 32 metros de extensão e conta com 20 tripulantes fixos e os voluntários que se revezam em expedições que duram entre 7 e 10 dias.
O hospital flutuante tem uma estrutura moderna com consultórios médicos, odontológicos, centro cirúrgico, sala oftalmológica completa, laboratório de análises, sala de medicação, sala de vacinação e leitos de enfermaria, além de equipamentos para diagnósticos, como raio-X digital, mamografia, eco-cardiograma, ultrassom, eletrocardiograma.
A origem da iniciativa do Barco Hospital Papa Francisco nasceu durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013, quando o Brasil recebeu o Papa Francisco. Na ocasião, ele perguntou ao Frei Francisco se a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus estavam presentes na Amazônia. Quando o Frei Francisco respondeu que não, imediatamente o Papa disse que deveriam ir.
O Barco é o caminho para levar saúde e assistência à população ribeirinha; tem como apoio aos atendimentos, duas ‘ambulanchas’ que atuam em conjunto com o Barco Hospital, enquanto uma faz as triagens nas comunidades para otimizar os atendimentos a outra é munida de equipamentos de urgência e emergência para fazer a retaguarda para quaisquer intercorrências mais graves.
Guilherme citou que, depois de Urucurituba, uma das maiores comunidades atendidas pelos profissionais durante a expedição foi a comunidade do Piracoera de Cima, na região do Lago Grande, município de Santarém. “Lá atendemos aproximadamente 100 famílias. Nós íamos atender as comunidades e fazíamos o máximo que a gente conseguia para atender, inclusive por isso ficamos em um mesmo local de um dia para o outro”, relembra Guilherme.
Antes dessa experiência, o dentista rolandense esteve em outras duas ações voluntárias na Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá (SP). “É uma comunidade terapêutica que atua desde 1983 no processo de recuperação de pessoas que buscam a libertação de seus vícios, principalmente do álcool e da droga”, salientou Guilherme.
Ajude o Carlos
Durante a ação humanitária, Guilherme se deparou com a história do senhor Carlos Roque, 54 anos, que é tetraplégico, e não tinha condição de se deslocar até ao barco. “Lá eles não têm cadeira de rodas, não têm nada. Ele mora com a esposa e três filhos pequenos e, recentemente, teve uma queda e passou por um trauma. Para atendê-lo, nós pegamos um barco menor, entramos num braço do rio, atracamos entramos na floresta”, revela.
Ao chegar na casa, o profissional verificou que o paciente tinha uma infecção bucal por causa de um problema de lesão. “Nós fizemos todo o manejo e resolvemos a situação com um procedimento cirúrgico, na cama dele mesmo. Conseguimos lhe dar assistências odontológica e médica”, afirma.
A família de Carlos Roque vive com cerca de R$ 1 mil por mês e são os próprios filhos e a esposa que se revezam com seus cuidados (mudança de posição na cama, banho, alimentação). Esse dinheiro, do auxílio-doença, vai para a compra de comida, fralda, medicamentos, luvas etc. Nesse momento, com seu Instagram, Guilherme está fazendo uma campanha para ajudar ao ribeirinho. “As pessoas interessadas podem contribuir com a família fazendo uma doação para a chave Pix 40319873234, que está em nome de Zeneide Jesus da Silva”, concluiu Guilherme.