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Entre bruxas e lobos

Sobrelinhas – por Carla Kühlewein

De todos os vilões clássicos da literatura infantil, a bruxa e o lobo sem dúvida estão no rol dos mais conhecidos. A fama ultrapassa séculos de existência e (pelo visto) está longe de se esgotar. Mesmo assim, a criatividade de quem se aventura a (re)contar histórias com essas personagens parece não ter limites. Rosa Amanda Strausz é uma dessas escritoras “sem limites”. Ela e o ilustrador Laurent Cardon publicaram um livro com duas histórias: “Mamãe trouxe um lobo pra casa” e “A coleção de bruxas do meu pai”. Cada uma começa de um lado do livro, assim você pode escolher por onde quer iniciar a leitura (de lá pra cá, de cá pra lá…).
Nesse lá e cá, temos um menino que conta, desconfiado, sobre o dia em que a mãe trouxe um “lobo” pra casa:
“- Mãe, ele vai te comer!
Mas nada disso aconteceu. Ele chegou bem perto dela e esfregou o focinho no seu avental, como se pedisse carinho. Ela se abaixou, deu um abraço nele e depois voltou a se ocupar com minha comida. Ele sentou no chão, do lado dela, e olhou para mim com seus enormes olhos vermelhos. Pensei: ‘Céus! É a mim que ele quer comer!’.”
Do outro lado a perspectiva fica por conta de uma menina, incomodada com as “visitas” que o pai recebe:
“Na semana seguinte, papai apareceu com uma mulher esquisita, toda vestida de preto, caladona, com uns olhos de japonesa.
Então eu perguntei a ele:

  • Por que você gosta dela?
  • Porque ela é misteriosa, suave e carinhosa – ele respondeu.
    Decidimos, então, dar uma gata para meu pai. Gatas são suaves, misteriosas e fazem carinho em seus donos. Talvez assim ele desistisse daquela bruxa.”
    As crianças dessas histórias (re)agem à “invasão” de bruxas e lobos com certa reprovação. Será que elas mudam de ideia? Só mesmo lendo o livro para saber! Homem em pele de lobo, mulher em pele de bruxa. Seja como for, é preciso certa dose de coragem pra enfrentar a situação. Afinal… se ficar a bruxa pega, se correr o lobo alcança.

Carla Kühlewein é graduada em Letras Vernáculas e Clássicas (UEL), Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (Unesp) e Doutora em Literatura e Vida Social (Unesp).

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Carla Kühlewein

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