Pesquisar
Close this search box.

Epidemia de Chulé

  1. Home
  2. /
  3. Notícias
  4. /
  5. Colunas
  6. /
  7. Epidemia de Chulé

Por Carla Kühlewein

Esse foi o problema que atingiu a inusitada Poscovônia, cidade criada por Eva Furnari, no livro infantil Abaixo das canelas (2000). Tudo começou porque os poscovinenses tinham o hábito de não mostrar os pés. Por isso usavam sapato o tempo todo. Somente os mais íntimos podiam ver os pés uns dos outros. Era proibido expô-los, muito menos mencioná-los na frente de outra pessoa sem o devido cuidado. Convencionou-se, então, chamá-los de “pedúnculos”.

A vida era tranquila em Poscovônia, até que um dia… uma tal de “chulezite aguda” passou a afetar os “pedúnculos” de seus habitantes. Preocupados com a erradicação dessa nova moléstia, determinou-se que o professor Fausto, de Filosofia (e quem mais seria?), ficaria encarregado de conscientizar os alunos quanto à importância de prevenir a tal doença (mania de achar que ser filósofo é explicar coisas!). Assim ele fez, até que um aluno resolveu perguntar por que ninguém podia mostrar os pedúnculos… Fausto bem que tentou explicar, mas nem ele mesmo sabia o motivo. Intrigado, o professor foi buscar a resposta nos livros e encontrou uma pista: José Raimundo da Silva Couves, o habitante mais antigo da cidade. Ele sim deveria ter uma explicação para o assunto! Partiu ao encontro de seu Zé que contou a seguinte história:

“APARECEU AQUI NA REGIÃO UMA ERVA RASTERIA DESGRAÇADA DE RUIM. ELA TINHA UNS ESPINHO DANADO DE VENENOSO. ESSA ERVA MARDITA COBRIU A TERRA TODA, INTÉ OS OLHO NÃO PODIA MAIS ARCANÇÁ. PARA NÃO ESPETÁ OS PÉ E NÃO MORRÊ ENVENENADO, NÓIS TINHA QUE ANDÁ SEMPRE CARÇADO. AÍ, MUITO TEMPO DEPOIS, AS ERVA DANINHA ACABÔ. O POVO INTÉ ESQUECEU DELA.”

Mas há tempos a tal erva daninha havia sido exterminada e, mesmo assim, os poscovinenses continuavam a usar sapato o tempo todo. Por quê? Por HÁBITO! O final dessa história fica pra você conferir, mas parece que a epidemia de chulé fez os poscovinenses repensarem esse hábito…

Necessidade virou hábito. E do hábito se fez um novo modo de vida… Será assim para nós também? Nem Fausto explica!

  • Nota do editor: na próxima semana, faremos uma apresentação de nossa nova colunista: Carla Kühlewein.
Picture of Carla Kühlewein

Carla Kühlewein

Compartilhe:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

VEJA TAMBÉM:

literatura

Somos todos Alice

Sobrelinhas – por Carla Kühlewein A trajetória da menina Alice no País das Maravilhas é provavelmente uma das mais instigantes da literatura infantil e juvenil.

Religião

Salvos Graciosamente

Por Humberto Xavier Rodrigues Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se

Cultura

Filmes de Desastres

Por Samuel M. Bertoco Twisters – continuação do clássico Twister de 90 e blau – está batendo – ventando? – aí na nossa porta; mal