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O bárbaro mundo de Bárbara

Sobrelinhas – por Juliana de Barros Souto

Você já sentiu algum desejo, certo? Seja de comer alguma coisa ou conhecer um lugar novo… e quando não conseguiu realizar esse desejo, o que sentiu? É disso que trata o livro “Bárbara”, do escritor mineiro Murilo Rubião: desejos. Com ilustrações de Marilda Castanha, o texto é na verdade um conto de Rubião, um tanto antigo, porém moderno (sabe como é…).


Quem conta a história é o marido de Bárbara, que revela, logo no início que ela “gostava somente de pedir. Pedia e engordava”. E o que ele fazia? “Por mais absurdo que pareça, encontrava-me sempre disposto a lhe satisfazer os caprichos”. Mas apesar de não poupar esforços para conceder os desejos da mulher, o pobre homem nada recebia em troca, a não ser uma “frouxa ternura e pedidos que se renovavam continuamente”. Frustrado ele seguia agradando a mulher sem contestar.


E Bárbara pedia o quê ao marido? Bem, para saber, você terá que ler o conto… mas já adianto que são pedidos inusitados, que beiram ao absurdo. O que posso revelar para você, no momento, é que neste texto Rubião explora algumas temáticas, como: consumismo, arrogância, egoísmo, tristeza e ausência de reciprocidade em um relacionamento.


Dá pra imaginar o tamanho da frustração de uma pessoa que faz tudo por alguém e não recebe sequer um “obrigado”? O que você faria? O que o marido fez, na história de Rubião fez? Só mesmo lendo o livro pra saber…


Por um bom tempo, na Grécia e Roma antigas, os estrangeiros (pessoas estranhas a eles) foram chamados de “bárbaros”. A expressão com o tempo ganhou novos significados. Mas no contexto da história de Rubião, parece mesmo que Bárbara é mesmo uma estranha para o marido (e vice-versa), com desejos estranhos, enfim, tudo estranho…


Embora o conto tenha sido publicado inicialmente na década de 40, podemos considerar “Bárbara” um texto atemporal. Afinal, o bárbaro mundo de Bárbara não é muito diferente do nosso. A insaciabilidade da personagem é retrato da sociedade em que vivemos, cada vez mais insatisfeita, que muito deseja e pouco retribui. No fim das contas, somos todos bárbaros.

Juliana de Barros Souto é graduanda em Letras Português pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) – Apucarana.

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Carla Kühlewein

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