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O pestinha de Vasconcelos

Sobrelinhas – por Giovana Celeste Luz

Quando o assunto é traquinagem, qual personagem vem a sua mente? O engenhoso e travesso Cebolinha de Mauricio de Sousa? Ou o menino maluquinho de Ziraldo? Espera! Deixe-me adivinhar… Talvez… o Saci do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato? Bem, sem dúvida todos eles desempenham com maestria a arte da bagunça. Porém (ouso dizer) nenhum deles está ao nível de Zezé, criado por José Mauro de Vasconcelos, no livro ‘Meu Pé de Laranja Lima’.


O livro traz a história do pequeno Zezé, de seis anos, e seu melhor amigo, Minguinho, o Pé de Laranja Lima. Isso mesmo, uma laranjeira! Zezé é garoto terrivelmente levado. Provoca um verdadeiro caos na vizinhança. Atormenta até o padre da cidade! O pestinha tem um currículo de travessuras invejável, tem “o diabo no sangue”. O único ser vivente que não o temia era Manuel Valadares, o Portuga. O velho o confrontava como ninguém mais ousava. Certa vez chegou a dar umas palmadas no moleque. Vingativo, o menino jurou: “Não falo agora, mas estou pensando. E quando eu crescer vou matar o senhor”. Mal sabia Zezé o quão importante o Portuga seria para ele… que tal conferir no livro?


Mas além de traquina, Zezé era também muito esperto. Aprendeu a ler aos cinco anos. Mesmo assim, apesar da pouca idade, precisou crescer muito cedo, pois conheceu as dores da vida bem cedo.


Essa narrativa nos leva a observar o mundo através dos olhos infantis de Zezé. Perspectiva incompreendida pelo pai do menino, que, na tentativa de corrigir o comportamento levado do filho, o submetia a duras punições. Não a toa Zezé desejou várias vezes matar o próprio pai. Mas calma lá, não da forma como você está pensando! Como o próprio Zezé explica: “Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.”


Esta é uma história de excessos, irresponsabilidade, insensibilidade e, sobretudo, crueldade. Contudo, trata também de perseverança e sobrevivência. Afinal, todos nós temos um pestinha de recordação. O de Vasconcelos, é Zezé.

Giovana Celeste Luz é graduanda em Letras Português pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar) de Apucarana.

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Carla Kühlewein

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