Por Samuel M. Bertoco

Existem alguns atores que ficam marcados por estereótipos, alguns com verdade, outros não: “Essa atriz loira, alta e linda? Não te como fazer uma dona de casa de subúrbio. Esse ator cheio de tiques e trejeitos? Não dá, pra fazer um bancário tem que ter cara de pacato. E por aí vai…Robert Redford perdeu um dos grandes papéis de Hollywood por um estereótipo desse.
O galã, loiro e cheio de presença, foi descartado de A Primeira Noite de um Homem – clássico absoluto que deu Oscar a Dustin Hoffman – porque jamais iria conseguir passar a imagem de um cara tímido e desengonçado que tem problemas com mulheres.
Essa é alguma das parecidas histórias de Redford, falecido aos 89 anos, que sempre foi, um pouco a mais e um pouco a menos em Hollywood.
Não que não tenha tido grandes atuações, ou que não tenha feito grandes filmes. Foi lançado ao estrelato no ótimo Butch Cassidy and Sundance Kid, foi impecável em Todos os Homens do Presidente – tão clássico quanto A Primeira Noite- e foi ótimo em mais uma dúzia de filmes tanto como ator como diretor.
Mesmo assim, nunca chorou os olhos da Academia. Indicado uma vez como ator, sempre foi visto como um bom ator, e só. Até tentou umas empreitadas daquelas “filme pra mim”, como em Até o Fim, mas não brilhou. Por outro lado, dificilmente lembraremos de algum fracasso, ou de alguma atuação fora do tom.
Mas bom não está bom? Pra ele não, que reclamou mais de uma vez de ser ignorado tanto pela Academia, quanto pelo apelo popular – raramente seus filmes eram blockbusters. Não que ele se sentisse frustrado ou algo assim, depois de um tempo ele simplesmente diminuiu o ritmo e, segundo ele mesmo, preferiu ser feliz.
Quando ele morreu, eu pensei se seria legal fazer o texto sobre ele, justamente por, apesar de todos o conhecerem, não foi aquela perda que arrebatou Los Angeles – até pela idade. Mas as vezes, num tempo onde só o que é exagerado – pra bem ou pra mal – é valorizado, é importante ser só bom.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade