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Notas Históricas

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Histórias do Padre Zé

No ano 2012, a Paróquia São José comemorava seus 70 anos de criação (01/11/1942). E, como aquele ano era o “Ano da Fé”, assim proclamado pelo Papa Bento 16, pensei que seria oportuno relembrar condignamente aos paroquianos o percurso que nossos antepassados tinham traçado para implantar a fé cristã e como a viveram, apesar das dificuldades. Afinal, independentemente de nossas procedências étnicas, todos somos brasileiros.

A Paróquia é uma Comunidade multicultural, onde todos convivem respeitando-se mutuamente e convivendo nesta região que já foi habitada pelo povo Guarani/Caingangue. De acordo com os historiadores, esta região era a rota das Missões Jesuíticas do século 17 que vinham de Guaíra e, passando por aqui, chegavam até Santo Inácio, onde ainda existem as ruínas das reduções jesuíticas. De acordo com o que lemos no livro da pesquisa histórica da historiadora Claudia Portelinha Schwengber, os primeiros imigrantes aqui chegaram nos inícios de 1932. A primeira manifestação pública da fé católica ocorreu na residência/casa comercial de um casal proveniente do Líbano, Pedro/Rosa Daqueche, bem pertinho do atual terminal rodoviário, em 1935. Oficialmente falando, a primeira missa campal e procissão foi celebrada no dia 07 de outubro de 1937 num terreno cedido pela Companhia de Terras Norte do Paraná, onde hoje se localiza a Igreja Matriz. O celebrante foi o Padre Paulo Kuhn dos Padres Palotinos de Londrina.

Um dos primeiros grupos étnicos que vieram nos inícios de 1932 era o grupo japonês, muitos dos quais foram morar na Gleba Cafezal. Interessante saber que, entre estas famílias, havia algumas que já eram cristãs católicas, Famílias Taguchi e Hirata, descendentes daqueles primeiros cristãos do Japão evangelizados por São Francisco Xavier no séc. 16.

Um outro grupo chegado também a partir de 1932 era o grupo Saxônico: alemães, austríacos e suíços, que se espalharam pela Gleba Roland, Estrada de São Rafael, onde foi construída a Capela de São Rafael, Estrada de São Martinho e Estrada do Jaú. Junto com eles, na mesma época, vieram também alguns eslavos, principalmente húngaros, estes últimos morando na Gleba Ceboleiro. Entre os alemães, contamos com o Padre José Herions, o qual depois de sete anos morando num pequeno sítio (onde hoje se ergue o “Memorial da Evangelização de Rolândia), devido às restrições religiosas a ele impostas pelos superiores daquela época, foi nomeado como primeiros Vigário com o mesmo decreto da criação da Paróquia no dia 1º de novembro de 1942.

É interessante notar que, em 1940, o Padre Herions e o primeiro pastor da Igreja de Confissão Luterana, Zischler, também alemão, devido a um mal entendido do delegado de polícia, foram presos e levados à cadeia em Curitiba e, depois, para prisão domiciliar no convento dos Franciscanos. Era o tempo da Segunda Guerra Mundial na Alemanha de Hitler. Outro alemão católico digno de menção era o Dr. Johannes Schauff, que tinha sido Deputado Federal na Alemanha da ante guerra. Com amigos que ele tinha no Vaticano, entre os quais Monsenhor Giovanni Montini (mais tarde Papa Paulo 6), conseguiu realizar o desejo do Papa Pio 12 e obter do Presidente do Brasil, Getúlio Vargas, os vistos de entrada para um total de três mil judeus perseguidos por Hitler e, assim, livrá-los dos campos de concentração.


O terceiro grande grupo era o grupo latino entre os anos 1933 a 1939: italianos, portugueses, espanhóis e seus descendentes vindos, principalmente dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Todos trazendo tradições religiosas profundas. O segundo Vigário, Padre Carlos Bonetta, era italiano, asim como seu coadjuvante, Padre Francisco Foglia, que ajudou o Vigário durante alguns anos. Foi nomeado primeiro Vigário de São Martinho aos 28 de janeiro de 1960. Padre Carlos fez um trabalho maravilhoso, antecipando, por assim dizer, as conclusões do Concílio Vaticano Segundo: apostolado dos leigos e projetos sociais. Também a Colônia Portuguesa tem dado grande contributo à vida religiosa com sua peculiar devoção para com Nossa Senhora de Fátima. Basta lembrar que três senhoras que aqui moravam: Joaquina Carreira, Palmira Marques e Júlia dos Santos, as quais, quando crianças moravam na região de Leiria, Portugal, conheciam pessoalmente os três pastorinhos e afirmavam decididamente terem presenciado, junto com mais 30 mil pessoas, o milagre do sol girando sobre si mesmo lá em Fátima no ano de 1917. E foi também a colônia portuguesa que tinha encomendado na cidade de Porto, Portugal, uma linda imagem de Nossa Senhora, esculpida em cedro brasileiro e trazida para Rolândia aos 13 de maio de 1966. E, nessa ocasião, Nossa Senhora de Fátima foi declarada co-padroeira de Rolândia junto com São José, padroeiro principal.

A primeira igreja de madeira foi concluída em 19 de março de 1938. Foi criada a Paróquia e Padre José Herions nomeado primeiro Vigário no dia 1º de novembro de 1942. Com o rápido crescimento de Rolândia, iniciou-se a construção de um templo maior em torno da igrejinha de madeira, o qual foi inaugurado, ainda inacabado, em 1º de maio de 1955, sob a direção do 2º Vigário, Padre Carlos Bonetta. Homem ativo e dinâmico, Padre Carlos deu início ao trabalho pastoral com os leigos e leigas, constituindo comissões e construindo obras: Creche São José e Colégio Santo Antônio. E trouxe para Rolândia a Congregação das Irmãs Franciscanas do Coração de Jesus.
A Igreja Matriz foi adquirindo obras artísticas em seu interior: 14 Estações da Via Sacra, entalhadas em madeira pelo escultor de origem austríaca, Conrado Josef Moser. E também afrescos (pintura artística de parede), assinados pelo mestre em arte sacra, o esloveno Franciscus Pavlovic, nascido em l892. Estudou em Viena (Áustria) à época do famoso Imperador Francisco José. Veio para o Brasil em 1923, onde decorou e pintou 13 igrejas e capelas, incluindo a de Rolândia. A pintura “Patrocínio de São José no arco central da Matriz” foi pintada em 1966. A pintura na ápside do altar mor “A Glória de Deus Uno e Trino” foi pintada em l967 pelo sobrinho de Franciscus, Alberto Pavlovic, que havia aprendido a arte com seu tio. Foi ajudado pelo pioneiro Antônio Haagsma. Tudo isso foi feito no tempo do 4º Vigário, Padre Pedro Fenech.

Outro destaque na Igreja Matriz é o púlpito em madeira esculpido pela artista de origem alemã Edith Stremlow e pelo escultor Eovaldo Cotting, ambos moradores de Rolândia. Bem como diversas pinturas em óleo sobre tela: Uma da Escola de Artes do Reno (Alemanha) do século 17, representando o diálogo de Jesus com a Samaritana no poço de Jacó, doados pelos pioneiros Ricardo Loeb Caldenhof e seu sobrinho Ricardo Neukirchner, da Fazenda Belmonte; outra é a “Fuga de Maria com o Menino para o Egito” e dois anjinhos pintada por Lori Simon, de origem Judia que morava na Fazenda Jaú em 1943; outras duas “São Pedro” e “São Paulo” do renomado pintor sacro Paulo Camilleri Cauchi de minha terra natal, a Ilha de Malta, presente para meu jubileu de prata sacerdotal em 1990; outras duas: “Batismo do Senhor” e “Santo Antônio” do pintor Pe. Salvador Dantas em 1987 e outras quatro pelo artista plástico rolandense José Dias em 1986. Tudo do meu tempo de parocato. Fui o 6º pároco.

Ainda no meu tempo de parocato, completei o que faltava à planta original da Igreja Matriz: a Torre dos Sinos. Com esforço muito grande e ajuda constante de empresários, agricultores e povo em geral, e sob a coordenação de José Antônio (Nico) Vanzella, erigimos a bonita torre, dotada com cinco sinos harmoniosos, iniciada em março de 2012 e concluída em março de 2014, obra abençoada pelo Arcebispo Dom Orlando Brandes. Dentro da torre foi montado um belo Museu Histórico/Artístico da Paróquia contendo, inclusive, 20 estátuas de cera esculpidas pelo artista rolandense Arlindo Armacollo. Além disso, construí e, depois, reformei o Centro Paroquial de Pastoral “João de Deus” e incentivei atividades culturais, educativas, projetos sociais, projetos pastorais, etc.
DEUS SEJA LOUVADO.

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Monsenhor José Agius Monsenhor

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