Memórias do Padre Zé
Sempre me preocupei com o problema da falta de vocações sacerdotais e religiosas. Perguntando para as crianças, até mesmo nas classes da catequese, o que querem ser no futuro, respondiam mencionando um monte de profissões, menos ser padre ou freira. Também seus pais pensavam o mesmo: apreciam a vocação do padre ou da freira, mas na família dos outros e não deles. Minha conclusão era que faltava ambiente vocacional entre adolescentes e jovens. Então, pensei em tentar formar, com a ajuda dos leigos e leigas, este ambiente.
Acontece que um grupo de jovens, com profunda espiritualidade, estava procurando um sentido para suas vidas e se reuniam comigo com frequência, visando formar uma comunidade de “Fé e Vida” diferente da estrutura do seminário tradicional. O grupo, liderado pelo jovem José Bach e orientado por mim, foi se aprofundando em questões religiosas, notadamente vocacional, tendo em mente o problema crônico da falta de sacerdotes na Arquidiocese.
Depois de trocar ideia com meu amigo Monsenhor Vitor Groppelli, o qual era Vigário Geral da Arquidiocese, aconselhei os jovens que tinham o mesmo ideal e a mesma disponibilidade e colocarem em prática a ideia de viver em “Comunidade de Vida”. Dei as devidas orientações e comuniquei ao Arcebispo Dom Geraldo Majela Agnelo. O qual encampou a iniciativa e fez questão de ser seu diretor.
E, enquanto os 9 jovens idealizadores faziam reuniões de formação permanente comigo ou com o próprio Arcebispo uma casa pertencente à Paróquia São José foi sendo reformada e ampliada para abrigar o “Cenáculo”, nome dado à Comunidade pelo próprio Dom Geraldo Majela Agnelo para lembrar a primeira comunidade dos discípulos de Jesus. que se reunia no Cenáculo de Jerusalém, conforme o livro dos Atos dos Apóstolos 1, 14: “Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus”.
A iniciativa da respectiva reforma desta casa tem sido possível graças ao interesse e dedicação de José Antônio (Nico) Vanzella e sua esposa Luzia e com a colaboração do construtor Braulino Dezan. A casa fica nos fundos do “Centro de Pastoral João de Deus”. A Paróquia arcaria com as despesas com zeladora, água e luz, enquanto todos os demais gastos de manutenção ficariam por conta dos próprios Cenaculistas, sob a coordenação de Jose Bach. No dia 18 de março de 1989, o Sr. Arcebispo Dom Geraldo Majela procedeu com a bênção e consagração das instalações e se comprometeu de ele próprio vir, aos sábados, ministrar a devida formação.
Em 1991, Dom Geraldo Majela foi convidado pelo Santo Padre, o Papa, para ir ao Vaticano e assumir o cargo de Secretário Geral da Congregação dos Ritos e disciplina dos Sacramentos e, como sucessor, foi nomeado Dom Albano Cavallin. Este deu grande apoio ao Cenáculo e começou a colher alguns frutos. Já cinco anos depois de ter sido fundado, o Arcebispo Dom Albano, no dia de São José, 19 de março de 1994, teve a alegria de admitir no Cenáculo 10 novos integrantes e apresentar 3 candidatos à Teologia, entre os quais o Padre José Bach. É muito importante lembra que do Cenáculo saíram quatro Padres.