IDOLATRIA

Por Monsenhor José Ágius

Volto a lembrar que este mês de setembro, mês da Bíblia, está considerando a figura de Josué. Uma escolha influenciada pelas comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil. Josué assumiu a liderança do povo depois da morte de Moisés e, certamente, aprendeu de Moisés como liderar o povo na condução para a Terra Prometida. No livro do Êxodo 32, 7-14, lemos como Moisés se comporta diante Deus ao se deparar com o pecado da idolatria. Assume um comportamento de amor pelo povo, colocando-se em oração diante de Deus e invoca a misericórdia divina para que o povo não seja destruído. A liderança carismática de Moisés se caracteriza pelo amor ao povo, mesmo reconhecendo se tratar de um povo cabeça dura. Neste tempo que comemoramos os 200 anos da Independência política do Brasil, não sei se temos condições de lembrar lideranças políticas com amor pelo povo. Infelizmente, vemos lideranças que usam o povo em benefício de seu partido ou em benefício próprio. A figura de Moisés inspira lideranças que amem o povo e se coloquem a serviço para que possa viver em paz.


Também chamo a atenção sobre outro tema: o pecado da idolatria, que consiste em trocar Deus por um ídolo. No deserto, o ídolo foi representado por um bezerro de metal. O ídolo é sempre feito por mãos humanas; é fabricação humana. No deserto, o ídolo foi fabricado em forma de bezerro. Mas a idolatria pode ser fabricada também em forma de pensamentos, de ideologias transformadas em ídolos. Nós, cristãos, sofremos muitas agressões porque nossos bispos, padres e outras lideranças católicas chamam atenção para o perigo de idolatrar ideologias. Quando a Igreja profetiza contra ideologias, sempre é agredida!


Como devemos reagir diante da idolatria de nossos dias? Jesus faz uma proposta bem ousada: aproximar-se dos publicanos e dos pecadores. A lei judaica proibia aproximar-se e sentar-se à mesa com pecadores e publicanos para não serem contaminados pelo pecado. Jesus desobedece a lei para mostrar que Deus é misericordioso e sua misericórdia consiste, não apenas em se aproximar do pecador, mas de ir em busca da ovelha perdida. Quem é o pecador? É aquele e aquela que perde, conscientemente, a riqueza de Deus. Aqui vemos traçada a missão de cada um e cada uma de nós como Igreja: sermos misericordiosos ao andarmos em busca da vida perdida para alegrar o coração de Deus. A misericórdia não julga e nem castiga; a misericórdia acolhe e nos faz fraternos.

Amém!

Monsenhor José Ágius

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